O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB), vai intensificar a articulação com empresários na próxima semana, diante do aumento expressivo das tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. As reuniões com representantes dos setores afetados fazem parte da estratégia do governo federal para embasar a resposta de Brasília ao chamado “tarifaço” imposto pela gestão de Donald Trump.
Na última quarta-feira (30/7), o presidente norte-americano assinou uma ordem executiva que aplica uma nova alíquota de 40% sobre produtos brasileiros, somando-se à taxa anterior de 10%, definida em abril. Com isso, os produtos do Brasil passam a ser tributados em até 50% ao entrarem no mercado americano. O aço e o alumínio, por exemplo, já vinham sendo tarifados em 25%. Cerca de 700 itens foram excluídos da nova medida por serem considerados estratégicos pelos EUA.
Desde o anúncio das primeiras restrições, Alckmin tem liderado as negociações com o empresariado brasileiro e com autoridades norte-americanas. O objetivo é construir uma reação coordenada. A expectativa é de que uma resposta oficial do Brasil seja anunciada na primeira quinzena de agosto, após a conclusão de uma análise técnica do governo sobre os impactos econômicos da medida.
O MDIC, junto ao Ministério da Fazenda, prepara um levantamento detalhado com os setores mais atingidos, para orientar o posicionamento do Palácio do Planalto. Segundo o governo, a resposta deverá seguir os preceitos da Lei da Reciprocidade Econômica.
Pela legislação, o Brasil deverá priorizar a resolução diplomática do impasse. No entanto, em caso de insucesso, estão previstas ações de retaliação, como o aumento de tarifas sobre produtos norte-americanos, a suspensão de acordos comerciais e, em situações extremas, a interrupção de direitos de propriedade intelectual, o que pode impactar, por exemplo, a validade de patentes de medicamentos e tecnologias no país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já indicou que pretende buscar o diálogo, mas não descarta retaliar caso os Estados Unidos não revejam as decisões unilaterais. A sinalização é de que o governo atuará com firmeza na defesa dos setores produtivos nacionais.