Destinos turísticos consagrados no Nordeste, como Porto de Galinhas (PE), Pipa (RN) e Jericoacoara (CE), têm enfrentado a expansão de facções criminosas que utilizam essas regiões para movimentar o tráfico de drogas. Apesar das praias paradisíacas, o crime organizado impacta a vida dos moradores, impondo monitoramento de ruas, controle territorial e até tribunais do crime. Para preservar o turismo — vital para a economia local e até para o tráfico — as facções estabelecem regras internas para evitar crimes contra visitantes.
Em Porto de Galinhas, por exemplo, a facção Trem Bala domina comunidades, impondo toque de recolher e usando câmeras para controlar a circulação dos moradores. Já em Pipa, o Sindicato do Crime opera com uma hierarquia bem definida, inclusive pagando salários a olheiros e vendedores de drogas. Em Jericoacoara, o Comando Vermelho assumiu o controle do tráfico após a retirada de grupos rivais, mantendo acordos tácitos para evitar confrontos que prejudiquem o turismo.
No entanto, casos recentes como o assassinato de um adolescente em Jericoacoara e um triplo homicídio em Pipa mostram que, apesar do esforço em manter a aparência de normalidade para os turistas, a violência continua presente. As disputas internas e tentativas de invasão por grupos rivais são as principais causas desses episódios.
Autoridades locais apontam que, mesmo com operações policiais que prenderam dezenas de suspeitos em 2024, as facções se reorganizam rapidamente, mantendo o ciclo de violência e controle nas áreas turísticas.