O economista americano Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2001, elogiou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante das ameaças comerciais feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em artigo publicado nesta segunda-feira (28) no site Project Syndicate, Stiglitz classificou a reação do Brasil como corajosa e afirmou que outros líderes deveriam seguir o exemplo.
No texto intitulado “A corajosa posição do Brasil contra Trump”, o ex-economista-chefe do Banco Mundial e conselheiro do governo Bill Clinton destaca que o Brasil, sob a liderança de Lula, optou por respeitar o Estado de Direito mesmo diante da intimidação por parte dos EUA, que, segundo ele, “parecem ter renunciado à sua própria Constituição”.
“Espera-se que outros líderes políticos demonstrem coragem semelhante diante da intimidação do país mais poderoso do mundo”, escreveu Stiglitz.
O economista critica o tarifaço de 50% anunciado por Trump sobre produtos brasileiros, afirmando que a medida tem motivações políticas e é uma forma de retaliação ao processo legal movido contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado por uma suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo Stiglitz, Trump tenta usar sanções comerciais como instrumento de pressão política, prática que ele considera inconstitucional.
“Trump violou o Estado de Direito ao insistir que o Brasil, que seguiu todas as etapas legais no julgamento de Bolsonaro, estava errado. Ele não conseguiu citar nenhuma lei que justificasse suas ações”, pontuou.
Stiglitz também traça paralelos entre as ações de Bolsonaro e os eventos ocorridos no Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021. Ele acusa o ex-presidente brasileiro de tentar replicar o ataque que apoiadores de Trump realizaram para impedir a posse de Joe Biden, ao fazer referência aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Além das críticas à política comercial de Trump, o artigo também aponta preocupações com o poder das big techs norte-americanas. O economista elogia Lula por defender a soberania não apenas nas questões comerciais, mas também na regulamentação das plataformas digitais.
“Os oligarcas da tecnologia dos EUA usam seu dinheiro e influência para tentar forçar países a lhes darem carta branca. Isso resulta em desinformação e grandes prejuízos sociais”, escreveu Stiglitz.