O governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou nesta quarta-feira (23) discussões internas sobre a possibilidade de aplicar sanções ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e ao presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre. É a primeira vez que a Casa Branca se debruça com mais profundidade sobre os chefes do Legislativo brasileiro, em linha com o mapeamento já feito sobre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Washington demonstra insatisfação com a decisão de Motta de impedir a votação de um projeto de lei que prevê anistia a réus e condenados por tentativa de golpe de Estado, medida que poderia beneficiar diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro. A proposta estava sendo pressionada por parlamentares bolsonaristas, mas acabou travada pelo presidente da Câmara durante o recesso legislativo.
No Senado, as críticas dos norte-americanos se voltam para a atuação de Davi Alcolumbre, que, segundo fontes ligadas ao governo Trump, tem evitado colocar em pauta pedidos de impeachment de ministros do STF, como Alexandre de Moraes, que já teve o visto para os EUA revogado em decisão anterior de Washington. Apesar da pressão da oposição, Alcolumbre tem afirmado a interlocutores que não pretende dar seguimento a nenhuma proposta de afastamento de ministros da Suprema Corte.
A postura dos presidentes das duas Casas Legislativas tem sido interpretada como um gesto de alinhamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de filiados a partidos do Centrão, tanto Motta quanto Alcolumbre mantêm boa interlocução com o Palácio do Planalto e evitam embates diretos com o Judiciário.
Na Câmara, a frustração entre parlamentares da oposição aumentou após Motta vetar o funcionamento das comissões durante o recesso parlamentar. Deputados aliados de Bolsonaro planejavam suspender as férias e acelerar a tramitação de projetos que contestam decisões do STF, especialmente aquelas que impuseram medidas cautelares ao ex-presidente, como o uso de tornozeleira eletrônica.