O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, classificou como “sequestro da economia de uma Nação” a recente ação do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em apoio a Jair Bolsonaro (PL). A declaração foi feita nesta sexta-feira (18), durante o voto que manteve as medidas restritivas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes ao ex-presidente brasileiro, réu por tentativa de golpe de Estado.
Na avaliação de Dino, a iniciativa de Trump, que anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros em retaliação ao julgamento de Bolsonaro pelo STF, representa uma forma inédita de coação ao Poder Judiciário de um país soberano.
“Essa coação assume uma forma inédita: o ‘sequestro’ da economia de uma Nação, ameaçando empresas e empregos, visando exigir que o Supremo Tribunal Federal pague o ‘resgate’, arquivando um processo judicial instaurado a pedido da Procuradoria-Geral da República”, escreveu o ministro. Dino ainda destacou que o caso poderá ser objeto de estudos acadêmicos, inclusive em universidades americanas, “por seu caráter absolutamente esdrúxulo”.
As medidas contra Bolsonaro, decretadas por Moraes na quinta-feira (17), incluem o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica, proibição de contato com autoridades estrangeiras e a suspensão do uso de redes sociais. As determinações foram solicitadas pela Polícia Federal, que investiga se o ex-presidente está tentando coagir o Judiciário brasileiro e desestabilizar a economia, com apoio direto do filho, Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos. Segundo a investigação, Jair Bolsonaro teria enviado R$ 2 milhões ao filho para intermediar ações internacionais.
A pressão internacional ganhou força em 9 de julho, quando Trump acusou o STF de promover uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro. Desde então, o ex-presidente brasileiro tem insinuado que o fim das sanções americanas estaria condicionado à sua anistia, o que poderia livrá-lo da prisão pelo envolvimento na tentativa de golpe de Estado.
Na manhã desta sexta-feira (18), Bolsonaro se manifestou após instalar a tornozeleira eletrônica. “Nunca pensei em sair do Brasil ou ir para embaixada”, declarou, em referência às suposições de que buscaria refúgio para evitar uma eventual prisão. Ele ainda classificou a investigação como uma “suprema humilhação” e disse que o processo tem motivações políticas.
A decisão do STF mantém o cerco judicial a Bolsonaro em meio à escalada de tensões entre os poderes e o cenário internacional.













