O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou, nesta terça-feira (15/7), que o governo brasileiro enviou há dois meses uma carta à Casa Branca, a pedido dos próprios norte-americanos, com o objetivo de negociar a retirada das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. No entanto, até o momento, o documento não teve qualquer resposta da gestão do presidente Donald Trump.
A declaração foi dada após reunião com representantes da indústria nacional para discutir estratégias frente à nova tarifa de 50% anunciada pelo governo norte-americano contra as exportações brasileiras. Segundo Alckmin, o governo brasileiro sempre manteve diálogo com autoridades comerciais dos EUA.
“Eu mesmo conversei com Howard Lutenich, secretário de Comércio dos Estados Unidos, e com o embaixador Jamieson Greer, da USTR [Escritório do Representante Comercial dos EUA]. O Itamaraty também atuou. Depois, enviamos uma carta confidencial, a pedido deles, sobre as tratativas, até o dia 4 de julho, que é feriado norte-americano. Houve inclusive reunião técnica. Ou seja, sempre houve diálogo”, explicou o vice-presidente.
Tarifas e tentativas de negociaçãoAs negociações iniciaram após Trump elevar em abril deste ano a tarifa sobre produtos brasileiros em 10%, além de sobretaxar o aço e o alumínio em 25%. Em julho, Trump ampliou as medidas com uma tarifa geral de 50% sobre todas as exportações brasileiras, alegando prejuízos comerciais aos EUA e insatisfações com o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil.
Alckmin criticou a falta de resposta por parte dos EUA.
“Faz dois meses desde o envio da carta, que era confidencial e tratava da construção de um acordo. Agora, vamos encaminhar novo documento reiterando que aguardamos a resposta e seguimos empenhados em resolver esse impasse”, destacou.
Reciprocidade e próximos passos
O governo federal analisa o uso da recém-aprovada Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil aplicar medidas proporcionais em resposta a barreiras comerciais estrangeiras. A nova tarifa norte-americana entra em vigor no dia 1º de agosto.
Segundo Alckmin, até lá, o Executivo buscará ampliar o diálogo tanto com o setor produtivo nacional quanto com interlocutores norte-americanos.
“Estamos ouvindo os empresários e dialogando com parceiros para que possamos encontrar uma saída eficiente e equilibrada para este momento delicado nas relações comerciais”, completou o vice-presidente.
A medida de Trump já foi criticada por setores como agronegócio, indústria e comércio exterior, além de gerar repercussão internacional. O governo brasileiro, no entanto, aposta em uma solução diplomática antes de adotar contramedidas mais duras.