A lente intraocular multifocal Galaxy RayOne, desenvolvida sob a liderança do oftalmologista alagoano João Marcelo Lyra, professor da Uncisal, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o lançamento no mercado brasileiro está previsto para agosto deste ano. A inovação promete melhorar a qualidade da visão dos pacientes e é implantada em caráter definitivo. Esses tipos de lentes já estão disponíveis em outros países e são projetadas para corrigir catarata e presbiopia, oferecendo uma visão mais clara e nítida em diferentes distâncias.
Para o médico João Marcelo, a aprovação da Anvisa é um passo importante para garantir que o produto esteja em conformidade com as normas de segurança e eficácia no país. Porém, o grande feito aconteceu em 2022, quando foi implantada em Maceió a primeira lente em espiral do mundo, a Galaxy. A lente possui um design inovador e inteligência artificial integrada. Na ocasião, foram beneficiados mais de 15 pacientes em Maceió que continuam em acompanhamento. Fora do país, a inovação já é usada em mais de dez mil pacientes.
Segundo o oftalmologista, o protótipo da lente foi testado em Maceió, e depois essa tecnologia negociada com multinacional inglesa. A partir daí se desenvolveu o catálogo completo da lente que engloba mais de 95% dos graus necessários para um paciente de catarata.
Vale ressaltar que a Galaxy é considerada uma nova categoria de lente multifocal, com tecnologia desenvolvida em parceria com a multinacional britânica Rayner. O projeto, iniciado em 2019, contou com especialistas das áreas de oftalmologia, física óptica e inteligência artificial. Os testes clínicos aconteceram em países como Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Índia.
Os resultados atraíram atenção internacional, além do que a lente tem custo menor e melhor desempenho visual. A estimativa é que o custo final da lente seja até 30% menor que o das versões atuais no mercado, com desempenho superior.
Um dos diferenciais da lente Galaxy é seu formato inovador, que reduz em mais de 50% os efeitos colaterais comuns em lentes multifocais, como halos de luz e reflexos noturnos. “Ver essa tecnologia ganhando reconhecimento global e, principalmente, sendo aprovada para uso no Brasil, é a realização de um propósito: levar mais liberdade, clareza e qualidade de vida para quem convive com catarata e presbiopia. A ciência brasileira tem muito a mostrar ao mundo. E isso é só o começo”, afirmou Lyra.
O modelo também oferece um campo de visão mais nítido entre 30 e 80 centímetros, o que melhora atividades diárias como leitura e uso de telas. Outra vantagem é que a Galaxy se destaca também pelo uso de inteligência artificial no processo de design, o que permitiu reduzir tempo de desenvolvimento e custos, sem comprometer a precisão da tecnologia.
Lyra ressalta que a lente apresenta um formato inovador que reduz em mais de 50% as distorções visuais comuns em lentes multifocais tradicionais. Além disso, oferece um “corredor de visão” que cobre uma faixa de 30 a 80 cm com maior nitidez, conforto e desempenho visual.
Importante frisar que o mercado da catarata, de acordo com Lyra, é o maior mercado de cirurgias eletivas do mundo. Cerca de 30 milhões de procedimentos são realizados anualmente. “É um mercado muito grande. A gente espera que hoje desse mercado cerca de 5 a 6% utilizem lentes multifocais, mas talvez esse mercado não tenha aumentado muito em relação a todas as cirurgias justamente porque existe a barreira da qualidade de visão, principalmente desses halos atrapalhando a visão noturna de alguns pacientes”, afirmou.
O oftalmologista disse, ainda, acreditar que o mercado com a lente Galaxy integrando tanto a visão de perto, intermediária e longe com nitidez, como também reduzindo esses sintomas a praticamente muito poucos ou inexistentes, “a gente deve aumentar a quantidade de utilização mundial da tecnologia multifocal com agora o padrão espiral”, completou.
A catarata é a opacidade parcial ou total de uma lente natural que temos dentro do olho, chamada de cristalino. Trata-se de uma lente biconvexa e transparente, que tem como principal função focar os raios de luz que entram na retina.
Professor adjunto da disciplina de Oftalmologia na Uncisal desde 2016 e médico da instituição desde 2003, João Marcelo Lyra é doutor em Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) e membro de diversas entidades científicas nacionais e internacionais. É também membro fundador do grupo de pesquisa BrAIn (Brazilian Study Group of Artificial Intelligence and Corneal Analysis), que integra tecnologia e medicina em soluções de ponta.
Fonte – Extra
