O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo (13) o envio de sistemas de defesa antiaérea Patriot à Ucrânia, em uma decisão que marca uma guinada significativa na postura recente de Washington, que havia suspendido parte das entregas de armamentos a Kiev. O anúncio ocorre às vésperas de uma reunião na Casa Branca com o novo secretário-geral da Otan, Mark Rutte, prevista para esta segunda-feira (14), onde Trump promete revelar “anúncios importantes” em relação à Rússia.
“Ainda não decidi a quantidade, mas eles vão receber porque precisam de proteção”, disse Trump a jornalistas. “Vamos enviar Patriots, dos quais eles precisam desesperadamente. Diversos equipamentos militares muito sofisticados também serão entregues, e eles vão nos pagar 100%”, acrescentou o presidente, destacando que a Otan assumirá parte dos custos das armas fornecidas.
A medida foi bem recebida em Kiev. O chefe de gabinete do presidente ucraniano, Andriy Yermak, afirmou que “a paz por meio da força é o princípio do presidente americano Donald Trump, e nós apoiamos essa abordagem”.
Segundo analistas, como Martin Quencez, do think tank German Marshall Fund, o gesto tem forte peso simbólico no curto prazo e, no médio prazo, pode indicar um compromisso mais firme com a segurança ucraniana. Ele também lembrou que Trump ainda dispõe de fundos aprovados na administração Biden para assistência militar.
A decisão de Trump vem em meio à intensificação dos ataques aéreos russos contra cidades ucranianas. Um novo bombardeio no distrito de Dnipro, nesta segunda-feira, deixou ao menos três feridos, segundo autoridades locais. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que teve recentemente uma conversa com Trump na qual ambos concordaram em reforçar a proteção do espaço aéreo da Ucrânia.
Além do envio dos Patriots, medidas adicionais contra Moscou estão em análise. Trump sinalizou que poderá anunciar novas sanções contra a Rússia, com apoio do influente senador republicano Lindsey Graham. Em entrevista à CBS, Graham defendeu tarifas de até 500% sobre países que auxiliarem a máquina de guerra russa e sugeriu utilizar ativos russos congelados e vender grandes quantidades de armas aos aliados europeus como forma de conter o Kremlin.
“É um golpe contundente que o presidente Trump terá à sua disposição para acabar com a guerra”, disse Graham, que esteve na Europa ao lado do democrata Richard Blumenthal promovendo sua proposta.
Nos bastidores, a frustração de Trump com o presidente russo Vladimir Putin se torna cada vez mais evidente. “Putin realmente surpreendeu muita gente. Ele fala gentilmente e depois bombardeia todo mundo à noite”, declarou o presidente americano, insatisfeito com a falta de avanços diplomáticos desde que tentou negociar diretamente com o Kremlin.
Com o agravamento da crise militar e a pressão interna e externa por uma resposta mais firme, o encontro desta segunda-feira entre Trump, Mark Rutte e os senadores Graham e Blumenthal poderá definir os próximos passos da aliança ocidental frente à guerra na Ucrânia.