A ex-secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, reagiu com duras críticas à decisão do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA. Em publicação nas redes sociais nesta quinta-feira (10/7), Hillary acusou Trump de usar o poder comercial da Casa Branca para defender interesses pessoais e proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “amigo corrupto”.
“Você [o americano] está prestes a pagar mais por carne não só porque Trump quer proteger o seu amigo corrupto, mas também porque os republicanos no Congresso decidiram ceder-lhe o poder sobre a política comercial”, escreveu a democrata.
A declaração veio na esteira do anúncio feito por Trump na quarta-feira (9/7), que confirmou a elevação das tarifas sobre importações brasileiras, com vigência a partir de 1º de agosto. A taxa incide sobre todos os produtos brasileiros e será aplicada de forma separada às já existentes sobre aço, alumínio e, mais recentemente, cobre.
Tarifa e tensão diplomáticaDe acordo com Trump, a decisão de sobretaxar o Brasil está relacionada a “ataques insidiosos” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que atualmente é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o líder norte-americano alegou que a situação judicial de Bolsonaro contribuiu diretamente para a imposição da tarifa.
“A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”, escreveu Trump.
O republicano acrescentou que Bolsonaro “não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”.Reações no BrasilA resposta do governo brasileiro foi rápida. Em nota divulgada na quarta, Lula reforçou a soberania do país e sinalizou que adotará medidas com base na Lei de Reciprocidade Econômica, recentemente sancionada. A imagem com os dizeres “Brasil soberano” circulou nas redes sociais oficiais do presidente.
A medida de Trump foi amplamente criticada por setores do agronegócio, pela indústria e até por governos estrangeiros, como a China, que classificou a ação como um “abuso” e reforçou sua oposição a guerras comerciais e tarifárias.
Bolsonaro réu
Jair Bolsonaro enfrenta um processo no STF por suposta liderança de uma organização criminosa que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), tentou reverter o resultado das eleições de 2022 por meio de um golpe de Estado. Outros sete nomes da alta cúpula do governo anterior também são réus, com o inquérito dividindo os envolvidos em núcleos distintos.
Hillary, ao criticar a postura de Trump, também responsabilizou os republicanos do Congresso dos EUA por permitir que o presidente ampliasse sua influência sobre a política comercial, com impactos diretos para os consumidores americanos.
Impactos econômicos
A nova tarifa tem potencial para afetar significativamente as exportações brasileiras para os EUA, segundo maior parceiro comercial do país. Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 40,3 bilhões para os EUA e importou US$ 40,6 bilhões, mantendo um leve déficit.
Especialistas alertam para impactos em setores como agronegócio, energia e indústria de base, além de riscos inflacionários em ambos os países, caso o embate comercial escale.