O vereador Cal Moreira (PL) está no centro de uma crise política que expôs o racha dentro da base aliada do prefeito de Maceió, JHC (PL). Na tarde de segunda-feira (8), a sessão da Câmara Municipal foi encerrada por falta de quórum, impedindo novamente a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da autorização para um empréstimo de R$ 1,2 bilhão solicitado pelo Executivo.
A ausência de Cal Moreira, liderando um grupo de outros dois ou três vereadores, entre os parlamentares presentes foi interpretada como uma ação deliberada para barrar o avanço da pauta prioritária do prefeito através da falta quórum para realizar a votação. Horas depois, o Diário Oficial do Município trouxe uma resposta dura: a exoneração de mais de 20 cargos comissionados ligados ao gabinete do vereador. A medida foi vista como um recado direto de JHC: quem não acompanha suas diretrizes perde os espaços que ocupa no governo.
Cal, que integra a base política do prefeito, tem adotado uma postura crítica nas últimas semanas e, segundo bastidores, estaria entre os articuladores do esvaziamento que inviabilizou a sessão. Com isso, tornou-se alvo de retaliações explícitas e passou a simbolizar a insatisfação de uma ala da base que resiste a votar o projeto de endividamento bilionário em regime de urgência.
O presidente da Câmara, Chico Filho (PL), ainda tentou retomar a sessão com quórum mínimo, mas apenas 12 vereadores estavam presentes — seis a menos do necessário.
Apesar do movimento, os empréstimos e a Lei de Diretrizes Orçamentárias foram aprovados em sessão extraordinária na manhã desta quinta (10).
Enquanto isso, Cal Moreira se equilibra entre o desgaste com o Executivo e o apoio de aliados que veem no seu gesto uma forma legítima de resistência às pressões do governo.