PSD, União, MDB, PP e Republicanos concentram mais de 55% do valor empenhado em uma semana
Para tentar conter o desgaste com o Congresso e reduzir o risco de novas derrotas em votações importantes, o governo federal acelerou o empenho de emendas parlamentares e favoreceu, de forma evidente, os principais partidos do Centrão. Apenas nesta semana, PSD, União Brasil, MDB, PP e Republicanos ficaram com mais da metade dos R$ 625 milhões liberados em emendas individuais.
Essas cinco legendas — que controlam parte expressiva da base aliada, mas nem sempre votam com o Planalto — somaram R$ 347 milhões, o equivalente a 55% do total empenhado desde domingo (15/6). A distribuição revela uma tentativa clara do governo Lula de reaproximação com partidos que têm sido decisivos em votações recentes e que pressionavam por liberação de verbas represadas.
Governo cede à pressão de aliados
A liberação dos recursos ocorre após semanas de cobrança de parlamentares e em meio à instabilidade na articulação política. PSD, União Brasil e MDB, sozinhos, já somaram R$ 241 milhões, encabeçando a lista de maiores beneficiados.
O movimento é estratégico: essas siglas não apenas compõem a base governista — com ministérios e espaços relevantes — como também têm mostrado independência em votações que contrariam o Palácio do Planalto. O governo, fragilizado por derrotas recentes e queda de apoio no Congresso, aposta na liberação de emendas para conter novas crises.
PT e PL recebem menos
Enquanto os partidos do Centrão dominam a distribuição, o Partido dos Trabalhadores (PT), do presidente Lula, recebeu R$ 70 milhões — valor semelhante ao do Partido Liberal (PL), principal sigla de oposição, que ficou com R$ 69,5 milhões.
A igualdade nos repasses entre PT e PL evidencia que, nesta rodada, o critério central foi a pressão política — e não alinhamento ideológico.
Cenário político exige reforço na base
O empenho acelerado acontece num momento de tensão entre os Poderes. Após a operação da PF que motivou a criação de uma CPMI sobre o INSS, o governo sofreu derrotas como a urgência do projeto que anula o aumento do IOF e enfrentou dificuldades com vetos presidenciais.
A liberação das emendas também responde a um atraso histórico: a Lei Orçamentária de 2025 só foi aprovada em março e sancionada em abril, depois de impasses com o STF. Agora, com os parlamentares cobrando o cumprimento dos acordos, o governo tenta correr atrás do prejuízo.