O Ministério Público de Alagoas (MPAL) denunciou oito pessoas, no último dia 9, por participação em uma organização criminosa especializada em fraudes estruturadas, exploração de jogos de azar on‑line, lavagem de dinheiro e manipulação de rifas. A ação é resultado da Operação Trapaça, deflagrada em dezembro de 2023, e pede a condenação dos réus a um total de 254 anos e sete meses de prisão.
Entre os denunciados está o ex‑policial militar e influenciador digital Kleverton Pinheiro de Oliveira, o Kel Ferreti, identificado pelo Grupo de Atuação Especial no Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Dinheiro (Gaesf) como líder da quadrilha. Para ele, o MP requer pena de 77 anos e cinco meses de reclusão. Ferreti já havia sido preso em dezembro, junto com o sócio Igor Campioni (“Pai do Orgânico”), mas ganhou liberdade mediante medidas cautelares. Atualmente, permanece detido por estupro contra uma enfermeira, crime ocorrido em 2024.
Segundo a denúncia, a Orcrim usava o cassino virtual “Fortune Tiger”, popularmente conhecido como jogo do tigrinho, prometendo lucros fáceis para atrair apostadores. Ferreti e outros influenciadores divulgavam links e grupos de apostas, ostentando vida de luxo nas redes sociais para legitimar o golpe. O MP aponta ainda manipulação de rifas on‑line, com sorteios supostamente direcionados para beneficiar comparsas.
“O grupo utilizava a falsa promessa de prêmios para atrair vítimas, reforçando o caráter enganoso das atividades”, destacou o promotor de Justiça Cyro Blatter, coordenador do Gaesf.
A investigação também identificou lavagem de dinheiro por meio de veículos de alto padrão registrados em nome de terceiros e movimentações bancárias suspeitas. Entre os alvos da denúncia estão o proprietário formal dos carros de luxo usados por Ferreti, a esposa dele — que também promovia jogos e rifas, e um sócio em uma das empresas investigadas.
Confira abaixo as penas solicitadas:
- Kel Ferreti: 77 anos e 5 meses
- Outros sete denunciados: 177 anos e 2 meses
- Total: 254 anos e 7 meses de prisão
A ação penal tramita na 17ª Vara Criminal da Capital. Se aceita, os réus responderão pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, estelionato, exploração de jogos de azar e fraude em rifas. Para Cyro Blatter, a nova denúncia “reforça o compromisso do Ministério Público de Alagoas no combate à criminalidade organizada e na proteção da ordem econômica e social”.
A Operação Trapaça contou com o Gaesf, que reúne MPAL, Secretaria da Fazenda, Procuradoria‑Geral do Estado, Polícias Civil e Militar, Secretaria de Ressocialização e Polícia Científica, e recebeu esse nome em alusão ao engano praticado para aliciar vítimas com promessas de enriquecimento rápido por meio de apostas on‑line.