Estado é um dos 12 no país onde número de beneficiários do programa social supera o de empregos formais no setor privado; cenário é mais comum nas regiões Norte e Nordeste

Alagoas integra o grupo de 12 estados brasileiros em que o número de beneficiários do Bolsa Família é maior do que o de trabalhadores com carteira assinada na iniciativa privada. Os dados, referentes ao mês de maio, revelam que 533 mil famílias alagoanas são atendidas pelo programa de transferência de renda, enquanto 454 mil pessoas têm vínculo formal de trabalho via Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A comparação exclui servidores públicos e considera apenas empregos formais no setor privado, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
A situação de Alagoas reflete uma realidade predominante nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, onde todos os estados apresentam esse mesmo desequilíbrio. O Maranhão lidera o ranking, com 1,2 milhão de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família contra 670 mil empregos com carteira assinada, quase o dobro de assistidos em relação aos trabalhadores formais. Em contrapartida, Santa Catarina registra a menor proporção nacional: há 11 trabalhadores formais para cada benefício do programa pago no estado.
Apesar do cenário desigual, os dados indicam uma tendência de reversão. Desde janeiro de 2023, com o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, o número de empregos formais tem crescido em ritmo mais acelerado do que o de novos beneficiários do Bolsa Família. A política de fomento ao emprego, aliada ao aumento no salário mínimo e a programas de qualificação profissional, tem contribuído para essa mudança.
O Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo federal, foi reformulado no início do atual mandato e tem como meta combater a pobreza e a fome, especialmente em regiões historicamente marcadas pela desigualdade social.
Economistas apontam que a superação desse quadro dependerá do crescimento sustentável da economia local, do fortalecimento do setor produtivo e de investimentos em educação e qualificação da mão de obra, para que mais brasileiros possam migrar do auxílio emergencial para o emprego formal.