O Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou uma nota contundente nesta segunda-feira (26/5), acusando o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de cometer “crime contra o Estado brasileiro” e de agir com “covardia” ao, segundo o partido, tentar envolver autoridades estrangeiras em questões internas do país.
A declaração oficial, publicada nas redes sociais do partido, afirma que Eduardo atua como um “fantoche dos Estados Unidos” e denuncia que suas ações, realizadas durante uma viagem recente aos EUA, colocam em risco a soberania nacional.
“Enquanto o Brasil luta para preservar sua democracia, Eduardo Bolsonaro (PL) age como um fantoche dos Estados Unidos, articulando ações que ameaçam a soberania nacional”, diz o texto. “Em vez de defender os interesses do país, o deputado licenciado tenta vender nossa Justiça a políticos estrangeiros, buscando interferência externa. Isso não é apenas covardia — é um crime contra o Estado brasileiro.”
A manifestação do PT vem na esteira da abertura de um inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga se Eduardo teria ultrapassado os limites da liberdade de expressão ao criticar publicamente decisões da Corte em solo estrangeiro. A apuração, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), baseado em denúncia do líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ).
Durante sua estada nos Estados Unidos, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniu com parlamentares locais e intensificou críticas ao Supremo, em especial ao ministro Moraes, a quem acusa de perseguição política. Desde março, Eduardo está licenciado da Câmara dos Deputados e vive fora do Brasil, alegando estar em campanha para denunciar abusos do Judiciário brasileiro.
Em reação às investigações, o deputado publicou um vídeo afirmando estar sendo perseguido por suas posições políticas. “Antes eu era chacota, hoje sou ameaça à democracia. Nos subestimaram e só agora acordaram para a gravidade das consequências – por isso estão batendo cabeça”, declarou. Ele também criticou a atuação da PGR: “Hoje o PGR deu mais um tiro no pé e confirmou o que sempre alertei: Brasil vive num Estado de exceção.”
A crise reacende o debate sobre os limites da atuação política no exterior e sobre até que ponto a liberdade de expressão pode ser invocada quando há indícios de tentativa de desestabilização institucional. Para o PT, os movimentos do deputado não se tratam apenas de discursos, mas de ações orquestradas para enfraquecer a democracia brasileira com o apoio de forças externas.