Deputados federais de partidos que integram a base do governo Lula (PT) foram responsáveis por quase dois terços dos votos que aprovaram, na Câmara dos Deputados, a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). A decisão, vista como uma vitória do grupo bolsonarista, teve 315 votos favoráveis, dos quais 195 vieram de legendas com espaço no governo federal, o equivalente a 62% do total.
Ramagem é réu em um processo que apura a participação em um plano para instaurar um golpe de Estado no país. O caso envolve também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que poderá ser beneficiado indiretamente pela medida. Isso porque, segundo a interpretação defendida por aliados do ex-presidente, a suspensão da ação contra Ramagem poderia paralisar todo o processo enquanto durar seu mandato parlamentar.
Entre os partidos da base que contribuíram com votos para aprovar a suspensão estão:
- União Brasil: 50 votos;
- Partido Progressistas (PP): 44 votos;
- Republicanos: 40 votos;
- MDB: 32 votos;
- PSD: 26 votos;
- PSB: 3 votos.
O PDT, que deixou a base governista nesta semana após a saída do ministro Carlos Lupi da Previdência, também deu dois votos favoráveis à suspensão.
A votação foi marcada por disputas interpretativas. O relator da matéria, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), apresentou parecer que livra Ramagem de todos os crimes, e deixou em aberto a possibilidade de que a suspensão da ação penal se estenda a todos os demais réus, inclusive Bolsonaro. Enquanto parlamentares bolsonaristas defendem esse entendimento mais amplo, deputados da base argumentam que a interrupção deveria valer apenas para condutas diretamente atribuídas a Ramagem durante o exercício de seu mandato.
A proposta foi aprovada por 315 votos a favor, 143 contra e quatro abstenções. A decisão ocorre em meio a crescentes tensões entre o governo federal e setores do Congresso, e reacende o debate sobre o alinhamento político de partidos que ocupam ministérios, mas mantêm posições ambíguas em votações-chave.