Em meio à pressão pública e ao desgaste institucional causado por uma fraude bilionária contra aposentados, o governo federal tenta mostrar reação. O presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, afirmou nesta segunda-feira (5) que o plano de ressarcimento aos segurados lesados “pode sair nesta ou na próxima semana” — declaração que sinaliza intenção, mas ainda sem compromisso com uma data oficial.
A fala ocorreu durante entrevista à GloboNews, na qual Waller reforçou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou urgência na solução. A demora para agir e a falta de transparência nos mecanismos de desconto nos benefícios foram amplamente criticadas após a revelação do esquema, investigado pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
“Pela pressa que o presidente nos deu, creio que todo o plano pode sair nesta ou na próxima semana”, disse Waller.
Segundo estimativas do próprio INSS, cerca de 4,1 milhões de beneficiários foram atingidos por descontos não autorizados realizados por entidades sindicais entre 2019 e 2024. O prejuízo calculado gira em torno de R$ 6,3 bilhões. Ainda assim, a definição sobre o ressarcimento continua em aberto, à espera de validação da Casa Civil e da articulação com o STF, o Ministério Público, a DPU e outros órgãos.
Ações emergenciais e responsabilizações
Enquanto o plano final não é anunciado, o INSS informa que os descontos estão suspensos e promete reforçar os mecanismos de controle. Entre as medidas anunciadas estão o reconhecimento facial e o cruzamento de dados com geolocalização antes de liberar qualquer nova autorização de desconto.
Paralelamente, 13 processos administrativos foram abertos contra empresas envolvidas no esquema, algumas delas apontadas como de fachada. A expectativa é de que o bloqueio de bens dos responsáveis permita o ressarcimento parcial das vítimas.
Com o escândalo, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, deixou o cargo na semana passada. Ele é acusado de ter ignorado alertas sobre a fraude desde meados de 2023. Também caiu o então presidente do INSS na época, Alessandro Stefanutto, alvo de investigação da Polícia Federal.
A promessa de ressarcimento foi feita. Agora, o que falta é o calendário — e a confiança de que o Estado vai, de fato, reparar o estrago.