Em sua divergência em relação à maioria do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Nunes Marques apresentou um voto de 30 páginas pedindo a absolvição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em uma ação penal por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. Nunes Marques defendeu que o STF não tem competência para julgar o caso, argumentando que o crime não está relacionado ao cargo ou às funções de Zambelli. Ele destacou que a discussão inicial com o jornalista Luan Araújo foi motivada por ofensas misóginas proferidas pelo repórter.
O ministro também afirmou que Zambelli deveria ser absolvida do crime de porte ilegal de arma de fogo, pois o ato não configuraria uma infração penal, mas sim uma infração administrativa. Nunes Marques ainda disse que o crime de constrangimento ilegal não se aplicava ao caso e que, por isso, a punibilidade de Zambelli deveria ser extinta. A ação penal contra a deputada foi iniciada após uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) de que ela perseguiu o jornalista, apoiador de Lula, com uma arma em punho, em outubro de 2022, em um bairro de São Paulo.
O ministro Nunes Marques defendeu em seu voto que a deputada Carla Zambelli foi gravemente ofendida pelo jornalista Luan Araújo e que, em nenhum momento, ela o provocou. Segundo o ministro, a deputada, na verdade, foi a vítima das provocações.
Nunes Marques analisou vídeos do incidente e concluiu que Luan Araújo, acompanhado de outras pessoas, passou três vezes em frente ao restaurante onde Zambelli estava. O ministro sugere que o ato foi premeditado, já que Luan sabia onde a deputada estava e teria ido até lá com a intenção de provocá-la.
O ministro também considerou o uso da expressão “te amo espanhola” por parte de Luan como uma ofensa grave e uma difamação contra Zambelli, fazendo referência a um boato anterior de que ela havia trabalhado como garota de programa na Espanha.