
A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) vive um dos momentos mais críticos de sua história. Em reunião realizada nesta terça-feira (13), a gestão da instituição apresentou um cenário alarmante: sem reforço orçamentário do governo federal, a universidade pode paralisar suas atividades já em setembro deste ano.
O encontro reuniu servidores, gestores, representantes sindicais do Sintufal e da Adufal, além da reitoria, que fez um apelo direto ao governo federal. Segundo o reitor Josealdo Tonholo, a situação da Ufal é semelhante à de outras universidades federais do país, todas “no limite da sobrevivência”. Ele afirmou que todas as medidas possíveis de contenção já foram adotadas, mas os recursos não são suficientes para manter o funcionamento da instituição nos próximos meses.
De acordo com a Pró-reitoria de Gestão Institucional (Proginst), o orçamento discricionário da Ufal para 2025 caiu de R$ 104,3 milhões para R$ 103,9 milhões, uma redução nominal de 0,38%, que representa perda real de 5% com a inflação. Além disso, decretos federais (12.416 e 12.448) limitam o uso mensal do orçamento a 1/18 do total — cerca de R$ 4,4 milhões — valor insuficiente para cobrir os custos mensais, que ultrapassam R$ 6 milhões.
A diferença tem sido compensada com cortes drásticos em contratos e serviços terceirizados, como limpeza, segurança e transporte. Concursos públicos foram suspensos, obras e reformas estão paralisadas e o déficit acumulado da universidade já ultrapassa os R$ 15 milhões, incluindo R$ 9,4 milhões de restos a pagar do exercício anterior.
“O colapso pode ocorrer em setembro. Os 40% restantes do orçamento só devem ser liberados em novembro, se tudo correr como previsto”, alertou o pró-reitor Jarman Aderico.
Desde 2022, a gestão tem feito ajustes estruturais para reduzir despesas, como o corte de 20% no contrato de limpeza, substituição do serviço de jardinagem por MEIs e reestruturação de contratos diversos. Um dos destaques foi a reativação do sistema próprio de abastecimento de água, que gerou uma economia de R$ 20 milhões por ano.
A única área preservada até o momento é a da assistência estudantil, com manutenção de bolsas, restaurantes e residências universitárias. No entanto, não há recursos disponíveis para reformas ou melhorias de infraestrutura, nem para projetos de acessibilidade.
A vice-reitora Eliane Cavalcanti destacou que a Ufal não cogita fechar as portas, mas reforçou a necessidade de mobilização da comunidade acadêmica e da sociedade civil. “Não entregaremos as chaves, mas precisamos que cada servidor, estudante e cidadão compreenda a gravidade do momento”, declarou.
Na próxima quinta-feira (15), a Proginst se reunirá com os estudantes para apresentar o mesmo painel orçamentário e envolver a comunidade na defesa da universidade.
Segundo José Edson Lima, coordenador de Administração, Suprimentos e Serviços da Proginst, os cortes seguem critérios técnicos, com a criação de um Observatório de Contratos para revisão de custos, com base na nova Lei de Licitações.
A reunião foi encerrada com um alerta da reitoria sobre o futuro da educação pública superior em Alagoas.
“A Ufal continua resistindo, mas grita por socorro. O tempo está se esgotando — e, com ele, o direito de milhares de alagoanos ao ensino superior gratuito e de qualidade”, concluiu o reitor Josealdo Tonholo.