O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou sua rede social Truth Social, nesta segunda-feira (7), para defender publicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta participação em uma trama golpista contra o Estado Democrático de Direito. Trump classificou a situação como uma “caça às bruxas” e afirmou que Bolsonaro está sendo injustamente perseguido pelas autoridades brasileiras.
“O Brasil está fazendo uma coisa terrível em seu tratamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro. […] Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, escreveu Trump. O norte-americano também afirmou que conheceu Bolsonaro pessoalmente e o descreveu como “um líder forte” e “negociador duro”.
O ex-presidente brasileiro responde a uma ação penal no STF por uma série de crimes, incluindo: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. O julgamento pode ocorrer entre agosto e setembro deste ano, após a fase das alegações finais das defesas.
Trump ainda comparou o processo enfrentado por Bolsonaro à sua própria experiência política. “Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político – algo que eu sei muito sobre!”, afirmou. Segundo ele, Bolsonaro deveria ser julgado apenas “pelos eleitores do Brasil”, e não pela Justiça. “Deixem Bolsonaro em paz”, finalizou.
As declarações de Trump acontecem em meio a uma escalada de tensões entre seu governo e o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso contra Bolsonaro no STF. A Trump Media, empresa do presidente dos EUA, e a plataforma Rumble moveram uma ação judicial contra Moraes, acusando-o de perseguição política e censura. Na petição, mencionam casos envolvendo aliados de Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o blogueiro Allan dos Santos.
A iniciativa tem apoio de parlamentares norte-americanos, que criticam decisões de Moraes que, segundo eles, afetam empresas e cidadãos dos Estados Unidos. Em 2024, o ministro ordenou a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil por descumprimento de ordens judiciais, o que aumentou o atrito com empresas de tecnologia sediadas nos EUA.
A nova citação judicial expedida contra Moraes estabelece um prazo de 21 dias para que o ministro brasileiro se manifeste formalmente nos tribunais norte-americanos. Já há parlamentares, como o senador Marco Rubio, sugerindo a aplicação de sanções contra o magistrado com base na Lei Global Magnitsky, que pune violações de direitos humanos.
O apoio de Trump a Bolsonaro reforça a crescente polarização política que ultrapassa fronteiras nacionais. Assim como fez com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, o presidente dos EUA agora direciona críticas diretas ao sistema judiciário brasileiro e ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujo processo de eleição, segundo Trump, foi “muito apertado”.
Trump afirmou ainda que Bolsonaro lidera as pesquisas eleitorais, embora o ex-presidente esteja atualmente inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O gesto de Trump fortalece os laços entre lideranças da extrema-direita internacional e amplia a pressão sobre o cenário político e judicial brasileiro.