Um adolescente de 16 anos recebeu uma nova chance de vida com um transplante cardíaco inédito realizado em Alagoas, cujo órgão veio de outro estado. O coração foi captado em Aracaju, Sergipe, e transportado de helicóptero até o Hospital do Coração Alagoano, onde a cirurgia aconteceu na semana passada.
Samuel, que em 2022 sofreu sequelas graves após uma dengue hemorrágica, esperou três anos pelo transplante. Na época da doença, ele precisou interromper os estudos e dependia de auxílio até para tarefas básicas, além de estar submetido a um uso intenso de medicamentos e múltiplas internações. A mãe do adolescente, Ana Carla, recordou com emoção, em entrevista ao AL1 da TV Gazeta, o instante em que recebeu a ligação informando que um coração compatível havia sido encontrado.
“Às quatro horas da manhã o telefone tocou, e quando vi que era do hospital, já soube que a esperança de mudança de vida estava chegando para o meu filho. Foi muito feliz, muito alegre, ele chorou muito, choramos juntos e corremos para o hospital”, contou Ana Carla.
O procedimento marcou o primeiro transplante cardíaco em Alagoas com captação de órgão fora do estado. Desde a retirada em Sergipe, a equipe médica realizou uma corrida contra o tempo: foram duas horas desde a retirada do coração até sua chegada em Maceió, dentro do prazo de quatro horas para implante. O cirurgião cardiovascular Diego Andrade explicou que o procedimento foi bem-sucedido. “Conseguimos realizar o implante dentro do tempo, e o coração do receptor começou a bater muito firme”, disse
Segundo Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes em Alagoas, o processo envolve compatibilidade rigorosa do órgão com o paciente, avaliação detalhada e cadastro no Sistema Nacional de Transplantes, que define a lista de receptores compatíveis. “A central faz essa distribuição a nível nacional para ver quem é compatível com aquele doador. Foi o que aconteceu nessa situação”, detalhou.
O secretário de Saúde de Alagoas, Gustavo Pontes de Miranda, destacou a importância do ato de generosidade da família do doador. “Se não houvesse esse ato de fé cristã, esse rapaz hoje não estaria com a vida dele resolvida. Agora ele tem a oportunidade de viver uma vida normal”, disse.
O Hospital do Coração Alagoano enfatiza a atuação de uma equipe multidisciplinar, que vai além da cirurgia, oferecendo suporte humanizado ao paciente e à família, incluindo cardiologistas, ecocardiografistas e psicólogos. O diretor do hospital, Otoni Veríssimo, reforça a importância desse cuidado integral: “Trabalhamos não só com o paciente que está recebendo o transplante, mas também com a família, apoiando na ansiedade, angústia e medo do procedimento cirúrgico”.
Até julho deste ano, a Central de Transplantes de Alagoas registrou 76 cirurgias: 50 de córnea, 16 de rim, 7 de fígado e 3 de coração. Apesar dos avanços, a lista de espera continua grande, com quase 600 pessoas aguardando por um órgão. Para Daniela Ramos é importante haver uma comunicação familiar sobre a doação. “Quando os familiares sabem do desejo do ente querido, o ‘sim’ para a doação fica menos difícil de ser dado. Assim, vidas como a do Samuel podem ser salvas”, explicou
A mãe de Samuel refletiu sobre a transformação que o gesto de generosidade trouxe à vida da família. “Até então, eu não pensava no futuro para o meu filho. Sou grata, somos gratos. Em meio à dor, dizer um ‘sim’ mudou nossa vida. Salvou a vida do Samuel e salvou toda a nossa família”, concluiu.
*Com informações da TV Gazeta













