A situação do Centro de Treinamento Gustavo Paiva, do CSA, foi oficialmente apresentada à imprensa nesta segunda-feira, 22, em uma coletiva conduzida pela junta diretiva formada por membros do Conselho Deliberativo do clube. As denúncias incluem empréstimos irregulares, pagamentos suspeitos, equipamentos e documentos desaparecidos, além de graves problemas de infraestrutura.
Clauwerney Ferreira, presidente do Conselho, afirmou que o CSA contraiu empréstimos com agiotas sem autorização da diretoria e que houve pagamentos de premiações, os chamados “bichos”, através de contas de diretores, sem comprovação de que os jogadores tenham recebido os valores.
“O CSA pegou empréstimo de agiota. Isso é sério. É certo isso? Quem é que vai pagar isso? Ou a gente fazia essa intervenção ou não saberíamos onde isso ia parar”, disse Ferreira.
Segundo o presidente, após o jogo contra o Brusque, que marcou o rebaixamento do clube, documentos foram retirados do CT e o HD das câmeras foi apagado, deixando registros a partir de 2 de setembro apenas. “Enviamos o HD para um perito para ver se conseguimos recuperar as imagens e entender o que aconteceu”, afirmou.
A coletiva contou com a participação de Ricardo Omena, Antônio Carlos Lessa e Thales Azevedo, que destacaram pagamentos de premiação elevados, enquanto direitos básicos de jogadores e membros da comissão técnica, como 13º e férias, não foram quitados. Ferreira denunciou pagamentos de até R$ 120 mil a um diretor responsável por distribuir os “bichos”, sem comprovação de repasse aos atletas.
Além das irregularidades financeiras, a junta diretiva apontou sérios problemas na infraestrutura do CT: infiltrações nas paredes e tetos de vestiários e restaurante, banheiros e armários danificados, acúmulo de lixo, materiais furtados e dois campos com pragas e bombas de irrigação quebradas, gerando prejuízo estimado em R$ 150 mil.
“O CT estava uma sujeira, tudo quebrado. Se não tivéssemos feito a intervenção, só Deus sabe onde ia parar”, relatou Ferreira.
Outras constatações incluem portas de quadros elétricos danificadas, loja lateral desaparecida, mato alto facilitando invasões, arquivos administrativos espalhados pelo chão e danos a móveis e equipamentos de lazer, como sofás e sinuca.
A junta diretiva informou que a diretoria executiva foi afastada por 90 dias, com possibilidade de prorrogação pelo mesmo período. O objetivo do Conselho é agilizar a eleição de um novo comando executivo e do Conselho Deliberativo até novembro, garantindo planejamento adequado para a temporada de 2026.
Apesar da situação crítica, os dirigentes afirmam que a Recuperação Judicial do clube não será afetada, embora débitos de rotina ultrapassem atualmente R$ 1 milhão. O Conselho aguarda a liberação de documentos do cartório para acessar dados financeiros e continuar a investigação.
Fonte – Jornal Extra de Alagoas