A Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil (SBNI) divulgou novas recomendações para diagnóstico e tratamento do transtorno do espectro autista (TEA), atualizando condutas médicas com base em evidências científicas recentes.
O documento, publicado em setembro, tem como objetivo orientar profissionais de saúde, fortalecer práticas com eficácia comprovada e alertar sobre intervenções sem respaldo científico. Entre as abordagens desaconselhadas estão ozonioterapia, transplante fecal, uso de ômega 3, antiparasitários, dietas restritivas sem indicação médica e suplementação vitamínica sem deficiência diagnosticada. O canabidiol também permanece sem comprovação suficiente para recomendação rotineira em casos de autismo.
O diagnóstico do TEA continua sendo clínico, baseado na observação comportamental, histórico familiar e entrevistas com responsáveis. A diretriz ressalta que sinais podem emergir nos primeiros meses de vida, incluindo falta de contato visual e reduzida vocalização, tornando a identificação precoce fundamental para o desenvolvimento infantil.
Entre as características frequentes estão dificuldades de comunicação e interação social, resistência a mudanças e comportamentos repetitivos. O texto esclarece que fatores como vulnerabilidade social, estresse familiar e exposição excessiva a telas podem interferir no desenvolvimento, mas não causam autismo.
Instrumentos de triagem como o M-CHAT e o Questionário de Comunicação Social (SCQ) podem auxiliar na identificação de riscos, porém não substituem a avaliação médica especializada.
A diretriz estabelece parâmetros para determinar o nível de suporte necessário para cada pessoa com TEA, seguindo orientações do DSM-5. Esse nível deve ser definido conforme a independência nas atividades cotidianas e apenas após acompanhamento da evolução do quadro.
O exame neurológico torna-se obrigatório na investigação complementar, enquanto exames genéticos e outros testes devem ser solicitados em situações específicas, como histórico familiar, epilepsia ou alterações congênitas.
As intervenções mais eficazes baseiam-se na Análise do Comportamento Aplicada (ABA), associada à fonoterapia e terapia ocupacional com integração sensorial. O tratamento deve ser conduzido por equipe multidisciplinar e personalizado conforme as necessidades individuais.
Abordagens complementares como fisioterapia, terapia motora, música e práticas pedagógicas podem ser incorporadas conforme o caso. Medicamentos devem ser utilizados apenas para tratar sintomas associados, como ansiedade, agressividade e distúrbios do sono.
A SBNI adverte que terapias sem comprovação científica podem causar prejuízos financeiros e retardar o acesso a tratamentos eficazes. Técnicas como ozonioterapia, dietas restritivas sem indicação, células-tronco e oxigenoterapia hiperbárica carecem de respaldo científico e não devem ser empregadas. A diretriz reafirma que vacinas não causam autismo e devem ser administradas conforme o calendário vacinal oficial.













