Segundo o Censo de Educação Superior de 2024, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), 39% dos municípios brasileiros — ou quase quatro em cada dez cidades — não oferecem cursos de graduação, seja de forma presencial ou a distância.
Nos 3.416 municípios que possuem alguma oferta de ensino superior, concentram-se 4,6 milhões de estudantes de educação a distância (EaD), o que representa 89% do total de matrículas nessa modalidade. Pela primeira vez na história, a quantidade de alunos em cursos EaD superou o número de estudantes em cursos presenciais.
O crescimento do ensino a distância no Brasil é impulsionado, principalmente, pela rede privada: 73% dos novos alunos em 2024 optaram pelo EaD em instituições particulares, enquanto na rede pública, 84% dos ingressantes escolheram a modalidade presencial. Outra característica notável é a concentração de matrículas: quatro estados (Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro) respondem por 88% do total de estudantes EaD.
Diante do rápido aumento e das preocupações com a qualidade da formação, o MEC decretou novas regras para o ensino a distância. A partir de agora, cursos de graduação 100% a distância estão proibidos, exigindo que, no mínimo, 20% da carga horária seja presencial ou por meio de atividades síncronas. Além disso, os cursos de Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia devem ser oferecidos exclusivamente no formato presencial.
A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) destaca a importância do setor privado, que abriga quase 80% das matrículas e 90% das instituições de ensino superior. O crescimento da rede privada foi de 39% entre 2014 e 2024, impulsionado pela expansão do EaD.
Apesar do avanço, a ABMES aponta que o EaD pode estar atingindo seu limite, com um crescimento limitado desde 2022 e altos índices de evasão. Nesse cenário, o modelo semipresencial surge como uma alternativa para atrair novos estudantes e manter o setor em expansão.