Mais de 60% dos brasileiros que precisaram de atendimento médico no último ano desistiram de procurar ajuda, segundo a pesquisa “Mais Dados Mais Saúde”. A Atenção Primária à Saúde (APS), que deveria ser a principal porta de entrada no sistema, tem falhado em garantir o acesso inicial. O estudo, feito por diversas instituições, entrevistou 2.458 adultos e revelou que superlotação, burocracia, automedicação e a percepção de que o problema não era grave estão entre os principais motivos da desistência.
Além disso, muitos que buscaram atendimento não conseguiram ser atendidos. Quase metade relatou dificuldades como espera excessiva, falta de equipamentos, ausência de profissionais qualificados e descaso durante o atendimento. Esse cenário mostra não apenas um sistema sobrecarregado, mas também uma tendência a recorrer a soluções não médicas, o que pode agravar problemas simples de saúde.
Especialistas destacam a necessidade de fortalecer a APS, que tem papel fundamental na prevenção, tratamento precoce e coordenação do cuidado. Melhorar o acesso e garantir que as pessoas busquem e recebam atendimento adequado é essencial para tornar o sistema mais eficaz e menos desigual. A pesquisa mostra que, mesmo com falhas, muitos usuários avaliaram positivamente aspectos como respeito à privacidade e clareza das explicações recebidas.
A coleta dos dados foi feita online, permitindo agilidade, baixo custo e abrangência nacional. O questionário também tem aplicação internacional, sendo testado em outros países com o objetivo de desenvolver uma escala global de avaliação da APS. Para os especialistas, esse tipo de iniciativa é fundamental para modernizar a vigilância em saúde e responder com mais rapidez aos desafios emergenciais.
Fonte – Extra