O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, criticou publicamente as restrições de deslocamento impostas a ele pelo governo de Donald Trump durante sua participação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Segundo Padilha, as limitações dificultaram sua atuação diplomática e foram uma tentativa de isolar o Brasil em articulações internacionais, especialmente nas Américas.
Durante evento na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em São Paulo, nesta semana, o ministro relatou que, ao chegar aos Estados Unidos, foi informado de que só poderia circular entre o hotel, a missão diplomática brasileira e o prédio da ONU. Reuniões bilaterais fora desse eixo estariam proibidas.
“Você tem várias reuniões bilaterais fora do prédio da ONU. Aí chegou e disseram que eu tinha que ir do hotel para a missão, e de lá para o prédio da ONU. Primeiro: eu não sou procurado pela Interpol, não sou condenado a nada, nem no Brasil, nem nos Estados Unidos, para ter esse tipo de restrição, como se tivesse uma tornozeleira eletrônica”, criticou Padilha.
O ministro também apontou que a medida tem um impacto político mais amplo, ao restringir a presença brasileira em articulações continentais. “Essa é uma atitude para impedir que o Brasil atue no continente americano. Na prática, me impede de sair de Nova York para ir a Washington, por exemplo.”
Padilha reforçou que, apesar das restrições, o governo brasileiro manterá seu protagonismo em pautas de saúde global. “Estamos indo lá para dizer: Trump, você faz o que quiser, o povo americano tem que reagir ao que você está fazendo. Mas o Brasil vai liderar o continente americano, vai ajudar outros países na defesa da OMS, da OPAS, na defesa da vacina. Vamos fazer o que for necessário para garantir mais acesso às vacinas”, afirmou.