A operação policial denominada “Contenção”, que resultou em pelo menos 64 mortes e mais de 80 prisões nos complexos do Alemão e da Penha, teve como objetivo central a desarticulação da liderança do Comando Vermelho no Rio de Janeiro, conforme apuraram autoridades de segurança.
A ação, deflagrada na terça-feira (28), mobilizou aproximadamente 2,5 mil agentes em um cerco de proporções inéditas contra os principais comandantes apontados como responsáveis por coordenar ataques em diversas regiões do estado.
No centro dos alvos policiais encontra-se Edgard Alves de Andrade, conhecido como “Doca da Penha”, identificado pelas investigações como o maior representante da facção em atuação fora do sistema prisional. O indivíduo responde a inquéritos por envolvimento em mais de 100 homicídios e exerce controle territorial sobre o Complexo da Penha, considerado base estratégica da organização criminosa.
Segundo as apurações, Doca atua como elo de ligação entre líderes encarcerados e as operações da facção nas ruas. Sua estrutura estaria envolvida não apenas no tráfico de entorpecentes e armamentos, mas também na coordenação de roubos de veículos e cargas, atividades que funcionariam como fontes de financiamento para o grupo.
Apesar do emprego de veículos blindados, aeronaves e cerco terrestre durante a operação, o alvo principal conseguiu evadir-se através de áreas de mata. Informações que resultem em sua captura são recompensadas com até R$ 100 mil.
Especialistas apontam três fatores que explicam a centralidade da Penha para o Comando Vermelho: acesso rápido a vias expressas e diferentes regiões da cidade, capacidade de comando e comunicação com operações em múltiplas localidades, e proteção adicional proporcionada pelas características geográficas e de urbanização das comunidades.
Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como “Belão do Quitungo”, identificado como braço direito de Doca, foi capturado durante a megaoperação. Investigadores atribuem a Belão a função de gerenciar a logística de armamentos e distribuição de equipamentos bélicos para diferentes células da organização criminosa.













