A Operação Entre Lobos, deflagrada nesta terça-feira (22), cumpriu 35 mandados de busca e apreensão em 12 cidades dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A ação visa desarticular uma quadrilha suspeita de aplicar golpes contra idosos, com prejuízo estimado em mais de R$ 5 milhões.
As investigações, conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), apontam que pelo menos 215 idosos, com idade média de 69 anos, foram aliciados a ceder créditos judiciais relacionados a revisões bancárias.
Após vitórias na Justiça, as vítimas recebiam entre 1% e 3% do valor conquistado, enquanto o restante era desviado para integrantes do grupo por meio de contratos de cessão de créditos. Muitas das vítimas não compreendiam os trâmites processuais e eram induzidas a assinar documentos que repassavam os valores para os suspeitos.
Esquema envolvia empresas e escritório de advocacia
Segundo o Gaeco, duas empresas com sedes em Pinhalzinho (SC) e Fortaleza (CE) apareciam nos contratos, mas os alvarás judiciais eram expedidos em nome de um escritório de advocacia vinculado ao homem apontado como líder do esquema. Dos valores conquistados em juízo, apenas R$ 595 mil chegaram efetivamente aos idosos.
Os contratos também incluíam cláusulas que determinavam que quaisquer questionamentos deveriam ser direcionados apenas às empresas, afastando as vítimas da possibilidade de buscar os valores diretamente na Justiça, o que dificultava a recuperação do dinheiro.
Documentos apreendidos detalham lucros e divisão interna
Durante as diligências, os investigadores localizaram planilhas com a divisão de lucros, pagamentos de comissões e despesas da quadrilha. Também foram identificadas procurações e substabelecimentos que transferiam poderes de representação entre os integrantes.
Os suspeitos devem responder pelos crimes de estelionato, organização criminosa, patrocínio infiel e lavagem de dinheiro. O Ministério Público estima que o número de vítimas possa chegar a mil, com base nos documentos apreendidos durante a operação.