A escolha do deputado estadual Cabo Bebeto para presidir a Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE/AL) provocou forte reação no PT de Alagoas. O partido emitiu nota de protesto (veja abaixo).
Para o PT a escolha de um parlamentar que não teria identificação com os direitos humanos e é, na verdade, um com defensor do uso de armas – prática que não combina bem com os propósitos da comissão – representa um verdadeiro retrocesso.
Na nota, o partido alerta ainda a “vê como um grave ataque à luta pela reforma agrária a criação de um grupo de deputados para cumprir, aqui em Alagoas, o papel da funesta UDR, reprimindo e legalizando a violência e as mortes no campo”.
O PT reconhece, no entanto, que os deputados têm autonomia. De fato tem. E em que pese a presença de alguns parlamentares mais progressistas na Assembleia Legislativa de Alagoas, a exemplo de Ronaldo Medeiros, Sílvio Camelo e Dr. Wanderley há uma aparente predominância de conversadores na Casa.
Será preciso, em casos como esse, em que setores considerados mais progressistas da sociedade civil organizada procurem influenciar o parlamento alagoano. Porque também é fato que, salvo ratas exceções, todos os deputados e deputadas estaduais de Alagoas são abertos ao diálogo, tolerantes, bons de trato e democráticos.
“Estarrecido”
O deputado federal Paulão (PT-AL) também reagiu à indicação de Bebeto. Ele disse que ficou “estarrecido” com a escolha do deputado presidir a comissão, da qual foi o criador quando era deputado estadual.
“Depois de dois anos e uma luta intensa, conseguimos implantá-la e eu tive a honra de ser o seu primeiro presidente da Comissão de Direitos Humanos, depois de outros colegas deputados do PT assumiram essa titularidade e, quando não era do PT, geralmente, eram deputados progressistas que tinham uma visão humanista da defesa da vida e, principalmente, nessa conjuntura que estamos atravessando”, destacou.
Embora reconheça a autonomia dos parlamentares, Paulão diz que não pode ficar em silêncio neste caso: “eu, particularmente, fiquei estarrecido porque o novo presidente da Comissão de Direitos Humanos já deu declarações públicas que contrariam o papel que ele vai exercer na titularidade da comissão”, disse.
Entre alguns exemplos, Paulão lembra que Cabo Bebeto faz apologia e defesa da intervenção militar. “Ele contraria a nossa Constituição e contraria o Estado Democrático de Direito. Acredito que o parlamentar que vai assumir ela não tem um perfil para contribuir numa comissão tão importante”, concluiu.
Fonte – Blog do Edivaldo Júnior