Em audiência pública realizada nesta terça-feira (20) na Comissão de Infraestrutura (CI), o ministro dos Transportes, Renan Filho, apresentou um balanço das principais ações desenvolvidas pela pasta. Durante sua exposição, ele ressaltou os avanços da nova política de concessões de rodovias, que contempla tarifas mais baixas, implantação do sistema de pedágio eletrônico (free flow) e incentivo à contratação de mão de obra local.
No setor ferroviário, Renan destacou a prioridade dada à retomada de obras que estavam paralisadas. Entre os principais projetos mencionados estão as Ferrovias de Integração Centro-Oeste (FICO) e Oeste-Leste (FIOL), além da Ferrogrão, empreendimento estratégico para o escoamento da produção agrícola do país.
— O governo tem destravado obras aguardadas há décadas. O Brasil voltou a investir em infraestrutura com foco na eficiência, inclusão e sustentabilidade — afirmou.
A audiência foi solicitada pelo senador Confúcio Moura (MDB-RO), que justificou o convite (REQ 4/2025 – CI) como uma oportunidade para esclarecer as ações do ministério.
— O objetivo de trazer o ministro aqui era apresentar o portfólio de projetos, falar do Brasil, das rodovias, das ferrovias e demonstrar o dinamismo que tem empreendido no ministério. Creio que meu objetivo foi cumprido — declarou.
Segurança alimentar e gargalos logísticos
Renan Filho, senador licenciado pelo MDB de Alagoas, destacou a importância do Brasil na segurança alimentar mundial e enfatizou a necessidade de uma infraestrutura logística que acompanhe o avanço da produção agropecuária no país.
— Nosso desafio é prover infraestrutura a um país que é o maior produtor mundial de soja, café, suco de laranja e açúcar, e está entre os três maiores em carne bovina, frango, milho e algodão.
O presidente da Comissão de Infraestrutura, senador Marcos Rogério (PL-RO), concordou com a análise de Renan Filho e ressaltou que o escoamento da produção continua sendo um dos maiores desafios enfrentados pelo setor.
— Sabemos o que fazer da porteira para dentro. Produzimos muito, com qualidade. Nosso desafio é da porteira para fora. Um dos setores que mais cria dificuldade para esse Brasil que produz é o próprio setor de infraestrutura — alertou.
Ampliação dos investimentos e retomada de obras
Renan Filho destacou que os investimentos em transportes praticamente dobraram durante a atual gestão do governo federal. De acordo com o ministro, foram executados R$ 30 bilhões entre 2023 e 2024, em comparação aos R$ 16 bilhões aplicados no biênio 2021/2022. No mesmo período, cerca de 1,1 mil contratos de obras que estavam paralisadas ou com andamento lento foram retomados.
O ministro também enfatizou a relevância das parcerias público-privadas (PPPs) como uma estratégia fundamental para expandir a capacidade de investimento em infraestrutura.
— Temos a necessidade de uma melhor infraestrutura por sermos um país que produz muito mais do que consome. Investimentos em infraestrutura têm a capacidade de integrar o país como um todo e desenvolver todas as áreas — acrescentou.
Marcos Rogério elogiou a atuação do ministério nesse sentido.
— Me parece que as PPPs foram a opção que o Brasil adotou para fazer frente à escassez de recursos públicos. O tema da infraestrutura ultrapassa as diferenças políticas e partidárias porque é, talvez, o setor mais importante para o desenvolvimento nacional — avaliou.
Concessões e obras estruturantes
Renan Filho destacou como um dos principais avanços da gestão a nova política de concessões rodoviárias, que prioriza tarifas mais acessíveis, a implementação de pedágios eletrônicos (free flow) e o estímulo à contratação de mão de obra local. Desde 2023, foram realizados 13 leilões de rodovias, com a meta de alcançar 48 concessões até o final de 2025.
No setor ferroviário, o ministro apontou os investimentos em ferrovias estratégicas ligadas à Ferrovia Norte-Sul, considerada o principal eixo ferroviário do país. Entre elas, estão a FICO (Ferrovia de Integração Centro-Oeste), que conecta a Norte-Sul a Rondônia, e a FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), que liga o interior da Bahia ao litoral. Ambas são essenciais para o escoamento da produção agropecuária. Renan também ressaltou a relevância da Ferrogrão, que ligará o Centro-Oeste aos portos do Pará, reforçando a infraestrutura logística nacional. Desde 2012, os investimentos no setor ferroviário somam R$ 45 bilhões.
Comentários
O senador Wellington Fagundes (PL-MT) destacou que a atuação do Ministério dos Transportes deve se manter “acima de disputas ideológicas e partidárias”. Ele também apontou a morosidade na concessão de licenças ambientais como um dos principais entraves para o progresso das obras de infraestrutura.
— Defendo que o ministério tenha recursos para atender às necessidades do Brasil, independentemente de qual seja o governo. Não dá para fazer política partidária e ideológica, porque atende ao país inteiro. Além disso, continuamos com a questão das licenças ambientais demoradas, que impedem que muitas coisas aconteçam — criticou.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) destacou a importância de assegurar a continuidade das ações por meio de um planejamento estratégico de longo prazo.
— Só temos infraestrutura se tiver planejamento. O Brasil, infelizmente, vive períodos espasmódicos de planejamento e investimento. Isso é ruim para um país que aumenta a produtividade, mas não consegue desenvolver a estrutura ao mesmo nível dos investimentos feitos para ampliar a produção — declarou.