Enquanto a Justiça argentina endurece o cerco contra Cristina Kirchner, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estende a mão. Nesta quarta-feira (12), o líder brasileiro entrou em contato com a ex-presidente da Argentina para manifestar solidariedade, um gesto que sinaliza não apenas proximidade política, mas também a continuidade de uma aliança histórica entre forças progressistas da América do Sul.
A ligação ocorreu um dia depois de a Suprema Corte da Argentina rejeitar o último recurso de Cristina e confirmar sua condenação por corrupção no chamado Caso Vialidad, que trata de fraudes em contratos de obras públicas durante sua presidência, entre 2007 e 2015. A sentença já havia sido referendada em decisões de 2022 e 2024.
Em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), Lula relatou o teor da conversa e reforçou seu apoio pessoal à ex-mandatária:
“Telefonei hoje no final da tarde para a companheira Cristina Kirchner e manifestei toda a minha solidariedade. Falei da importância de que se mantenha firme neste momento difícil. Notei, com satisfação, a maneira serena e determinada com que Cristina encara essa situação adversa e o quanto está determinada a seguir lutando.”
O peso político da condenação
A condenação de Cristina, por crimes relacionados à administração fraudulenta de contratos na província de Santa Cruz — reduto histórico da família Kirchner — representa mais que uma derrota pessoal: é um marco no processo de enfraquecimento do kirchnerismo, que há duas décadas influencia a política argentina.
Mesmo proibida de ocupar cargos públicos, Cristina já anunciou intenção de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, e sua figura segue central no debate político nacional — tanto para seus apoiadores quanto para seus opositores.
Reação regional
O telefonema de Lula ocorre em um momento delicado das relações políticas regionais. A ascensão de lideranças ultraliberais, como Javier Milei na própria Argentina, contrasta com a permanência de governos progressistas em países como Brasil, Colômbia e Chile.
Para analistas, o gesto de Lula é mais do que simbólico: reforça a ideia de que, mesmo fora do poder, Cristina segue como uma referência para a esquerda latino-americana.