O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quarta-feira (29) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou “estarrecido” com o alto número de mortes registradas na operação policial que deixou mais de 100 mortos no Rio de Janeiro.
Segundo Lewandowski, Lula demonstrou surpresa com o fato de uma ação de tamanha proporção ter sido realizada sem o conhecimento do governo federal. “O presidente ficou estarrecido com o número de ocorrências fatais que se registraram no Rio de Janeiro e se mostrou surpreso que uma operação dessa envergadura fosse desencadeada sem o conhecimento do governo federal, sem a possibilidade de participação com os recursos e o apoio logístico de que dispõe”, declarou o ministro a jornalistas, após reunião com o presidente no Palácio da Alvorada, em Brasília.
De acordo com o ministro, Lula determinou que ele e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, viajassem imediatamente ao Rio de Janeiro para se reunir com o governador Cláudio Castro (PL). “Vamos verificar como o governo federal pode apoiar não só o estado, mas o povo do Rio de Janeiro”, afirmou.
Lewandowski ressaltou que ainda não há dados oficiais sobre o total de mortos e feridos, e que as informações disponíveis até o momento são baseadas em reportagens da imprensa. O ministro descreveu a operação como “cruenta e violenta” e disse que será necessário avaliar se ações desse tipo são compatíveis com os princípios do Estado Democrático de Direito.
A reunião desta manhã contou também com a presença dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Sidônio Palmeira (Secom), Anielle Franco (Igualdade Racial) e José Múcio Monteiro (Defesa), além de Marcelo Freixo, presidente da Embratur e ex-deputado federal pelo Rio.
Enquanto Lula retornava de viagem oficial pela Ásia, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, convocou uma reunião de emergência na noite de terça-feira (28), com parte da equipe ministerial, para discutir os desdobramentos da operação. No encontro, ficou decidido que Rui Costa e Lewandowski viajariam ao Rio nesta quarta para acompanhar a situação e dialogar com o governo estadual.
A operação, considerada a mais letal da história do estado, provocou uma troca de declarações entre o governador Cláudio Castro e o governo federal. Castro acusou Brasília de negar três pedidos de apoio das Forças Armadas, o que foi prontamente negado por Lewandowski e pelo Ministério da Justiça, que divulgou uma nota listando as ações federais de combate ao narcotráfico.
Mais tarde, após a reunião ministerial em Brasília, o governo federal divulgou uma nova nota reafirmando que não houve negativa de apoio e informando sobre o envio dos ministros ao estado. O governador fluminense participou de parte da discussão por telefone.













