O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou sua participação no encerramento de um fórum empresarial em Paris, nesta sexta-feira (6), para criticar o protecionismo econômico e defender o multilateralismo nas relações internacionais. Sem citar nomes, Lula mandou um recado direto ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Durante sua fala para empresários franceses e brasileiros, Lula afirmou que “o mundo não quer xerife” e condenou políticas de taxação unilaterais que, segundo ele, comprometem a harmonia da economia global.
“Um acordo (entre Mercosul e União Europeia) que é uma demonstração para quem está tentando derrotar o multilateralismo, para quem está tentando voltar com o protecionismo, de que o mundo não quer xerife. O mundo não tem dono. Cada país é soberano e, de acordo com a sua soberania, faz aquilo que quiser, sem que alguém de outro país dê palpite ou imponha taxação de forma desordenada para quebrar a harmonia de uma economia que vinha funcionando bem”, declarou Lula.
Além das críticas ao isolacionismo econômico, o presidente brasileiro também abordou a tensão geopolítica entre Estados Unidos e China. Rejeitou a ideia de uma nova Guerra Fria e defendeu relações comerciais equilibradas com diferentes nações.
“Não aceitamos mais uma nova Guerra Fria. Não queremos disputar entre China e Estados Unidos. Eu quero negócio com a China e quero negócio com os Estados Unidos. Quero negócio com a França e com a Alemanha. A França tem que querer com o Brasil e com outros países da América do Sul”, afirmou.
Lula concluiu reforçando sua agenda internacional ativa: “Nós não podemos querer o direito de sermos donos do comércio mundial. Por isso, eu tenho viajado muito pelo mundo e vou continuar viajando”.
O discurso reafirma a postura brasileira em defesa do multilateralismo, da cooperação entre blocos econômicos e da soberania dos países em meio a um cenário global cada vez mais polarizado.