Durante visita oficial à França, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo direto ao presidente francês, Emmanuel Macron, para que avance nas negociações entre o Mercosul e a União Europeia. A declaração foi dada nesta quinta-feira (5), em Paris, após reunião no Palácio do Eliseu, sede do governo francês.
Com a promessa de liderar pessoalmente o avanço do tratado, Lula reforçou o peso estratégico da parceria. “Escuta, presidente Macron, minha convicção sobre o papel estratégico de parceria entre o Mercosul e União Europeia… Quero lhe comunicar que não deixarei a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia. Portanto, meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul”, disse o presidente brasileiro, que assume o comando rotativo do bloco sul-americano nos próximos dias.
O tom da fala de Lula evidenciou a tentativa de resgatar o diálogo político e econômico entre os dois blocos, emperrado por impasses ambientais e tarifários. A pressão do Brasil se intensifica num momento em que o governo busca atrair investimentos e retomar protagonismo nas negociações internacionais.
Recado aos ministros: discurso para franceses
Lula também aproveitou o encontro para cobrar uma postura mais proativa de sua equipe. Ele pediu que os ministros brasileiros se comuniquem diretamente com o público francês, e não apenas com a comunidade brasileira no exterior. “Façam discurso para os franceses. Portanto, exijam que os tradutores decifrem cada palavra que vocês vão falar, porque é muito importante que eles entendam o que nós queremos”, afirmou.
Nesta sexta-feira (6), Lula participa de um evento empresarial em Paris voltado à atração de investimentos e à ampliação da cooperação produtiva entre os países.
Reaproximação após distanciamento
No início de sua fala, Lula destacou o processo de reaproximação diplomática com a França, que, segundo ele, foi prejudicado durante o governo anterior. “O primeiro passo para mudar essa realidade foi a visita histórica do presidente Macron ao Brasil no ano passado. Minha presença aqui em Paris consolida essa reaproximação”, pontuou.
Ele também ressaltou a importância simbólica da data. “Hoje, cinco de junho, celebramos o Dia Mundial do Meio Ambiente. Na reunião que tivemos esta manhã, discutimos ampla agenda bilateral”, declarou.
Homenagem rara e agenda cultural
Após o encontro com Macron, Lula participou de um almoço com o presidente francês e, no fim do dia, recebeu uma homenagem da tradicional Academia Francesa – instituição equivalente à Academia Brasileira de Letras. O reconhecimento é incomum: desde 1635, menos de 20 líderes mundiais foram homenageados pela entidade. Lula é o primeiro brasileiro a receber essa distinção desde Dom Pedro II.
Encerrando o dia, o presidente foi recebido em um jantar oferecido por Macron, que contou com apresentação da cantora Roberta Sá. O cachê da artista, de R$ 168 mil, foi pago pelo governo brasileiro para o evento oficial.