O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (1º), de forma categórica, que o que está acontecendo na Faixa de Gaza “não é uma guerra, é um genocídio”. A declaração foi feita durante o encerramento da convenção nacional do PSB, em Brasília, e marca mais uma vez a forte posição do governo brasileiro contra a escalada da violência promovida por Israel no território palestino.
“O que nós estamos vendo não é uma guerra entre dois exércitos preparados, em campo de batalha com as mesmas armas. É um exército altamente profissionalizado matando mulheres e crianças indefesas na Faixa de Gaza. Isso não é uma guerra. É um genocídio”, afirmou Lula, diante de uma plateia que entoava gritos de “Palestina Livre”.
Além da denúncia do genocídio, Lula fez questão de separar o governo de Israel do povo judeu. “Essa guerra não é desejada nem pelo povo judeu, nem pelo povo de Israel”, disse. Ele acusou o governo israelense de usar a busca por integrantes do Hamas como pretexto para impedir a criação do Estado Palestino. “Essa guerra é uma vingança de um governo contra a possibilidade da criação do Estado Palestino.”
Durante o discurso, o presidente leu na íntegra a nota emitida pelo Itamaraty, que condena “nos mais fortes termos” a recente decisão de Israel de aprovar 22 novos assentamentos na Cisjordânia — região considerada, pela posição oficial do Brasil, parte do território legítimo da Palestina.
Lula também criticou a falta de ação da comunidade internacional e reiterou a urgência de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, que, segundo ele, tem sido ignorado por seus próprios membros. “Se os membros do Conselho não se respeitam e agem unilateralmente, a ONU perde credibilidade”, afirmou, ao defender a inclusão de novos países no conselho, entre eles o Brasil, a Índia, a Alemanha e o México.
Na mesma fala, o presidente voltou a se posicionar contra a guerra entre Rússia e Ucrânia, destacando que o Brasil não apoia ocupações territoriais. “O mundo está precisando de paz, de livros, e não de armas”, disse. Ele criticou os gastos militares globais, lembrando que “US$ 2,4 trilhões foram gastos em armas no ano passado, enquanto 733 milhões de pessoas foram dormir com fome”.