O Estadão revelou no fim de semana que, por meio de um “orçamento secreto”, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) montou um esquema para garantir apoio de sua base aliada no Congresso. A suposta manobra destinou R$ 3 bilhões a congressistas, e já é chamada de “tratoraço”.
Segundo o jornal, o crédito poderia ser aplicado conforme a vontade dos deputados e senadores. Do valor total, pelo menos R$ 271 milhões foram para tratores, retroescavadeiras e equipamentos agrícolas entregues pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Entre os citados na matéria, está o deputado Arthur Lira (PP-AL), que até o ano passado tinha um apadrinhado na 5ª Superintendência Regional, em Penedo. Agora, quem dá as cartas é o seu primo, o ex-prefeito de Teotônio Vilela, Joãozinho Pereira, que assumiu a superintendência no início de abril.
No dia 9, Pereira entregou caminhões pipas e retroescavadeiras em Arapiraca ao lado de Lira. “É preciso exaltar a importância do deputado federal e presidente da Câmara, Arthur Lira, que não abre mão de desenvolver projetos que ajudem o alagoano de baixa renda a ter uma melhor qualidade de vida”, disse ele.
Além de Arapiraca, também foram contemplados com caminhões-pipa e retroescavadeiras os municípios de Água Branca, Batalha, Canapi, Inhapi, Major Izidoro, Olho d’Água das Flores, Pariconha, Ouro Branco e Jacaré dos Homens. Cada uma das cidades de Arapiraca e Pariconha receberam uma retroescavadeira da Codevasf.
Na ocasião, o deputado adiantou que já foram entregues mais de 120 tratores a associações e cooperativas no estado, além de 25 carros-pipa. “E, em breve, chegaremos a 39 unidades nos próximos dias, porque ainda há muitas dificuldades no abastecimento de água e vamos ampliar o número de adutoras puxadas do Canal do Sertão, revelou.
O presidente da Câmara indicou ainda um dos diretores da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Napoleão Casado, da Área de Gestão dos Empreendimentos de Irrigação. Nesta terça (11), ele negou a existência de um “orçamento secreto”.
“Não há orçamento secreto, mas diferentes formas de se fazer emendas”, disse em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil. Lira pontuou que não acredita em falta de transparência e criticou a reportagem. “Houve excesso por parte do jornalismo”, afirmou.
Ontem (10), por meio de nota, o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) também repudiou a matéria publicada pelo jornal.
Fonte – BR104