Além do debate sobre anistia, o julgamento da trama golpista pelo Supremo Tribunal Federal (STF) trouxe um novo impasse para o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus, nesta quinta-feira (11), incluiu o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que perdeu o mandato após sentença de 16 anos de prisão.
A decisão repete um problema que Motta já enfrenta no caso da deputada Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo STF por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Embora o Supremo tenha determinado a perda do mandato da parlamentar, Motta preferiu levar a decisão ao plenário da Câmara.
Lideranças do Centrão avaliam que a situação de Ramagem deve seguir o mesmo caminho, mas reconhecem que a indefinição do STF sobre a aplicação dessas decisões aumenta a pressão política sobre Motta. O caso de Zambelli, por exemplo, está desde junho parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que segue ouvindo testemunhas, entre elas o hacker Walter Delgatti, ouvido nesta quarta-feira (10).
Ramagem em meio a disputas
O caso de Ramagem também esbarra em outro embate entre a Câmara e o Supremo. Em maio, os deputados aprovaram a suspensão das ações contra ele no inquérito do golpe. O STF, no entanto, manteve apenas a suspensão de processos por crimes supostamente cometidos durante o mandato, prosseguindo com aqueles anteriores.
Com isso, o tribunal condenou Ramagem por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático e organização criminosa. Ficaram de fora apenas os processos relacionados aos atos de 8 de Janeiro.
Nos bastidores, deputados do Centrão já classificam o novo imbróglio como mais um “abacaxi” para Hugo Motta administrar, ao mesmo tempo em que cresce a pressão pela votação de uma possível anistia.