A operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, com 119 mortos confirmados até esta quarta-feira (29), gerou ampla repercussão na imprensa internacional, com veículos de diversos países destacando o elevado número de vítimas e a dimensão dos confrontos nos complexos do Alemão e da Penha.
Desde terça-feira (28), meios de comunicação estrangeiros acompanham a megaoperação, classificada pelo governo estadual como bem-sucedida no combate ao Comando Vermelho, enquanto organizações de direitos humanos e veículos internacionais questionam a transparência das informações oficiais e o alto número de fatalidades.
O jornal alemão Süddeutsche Zeitung descreveu o Rio de Janeiro como vivendo uma “situação semelhante a uma guerra civil”, acrescentando que “trata-se do confronto mais sangrento entre a polícia e grupos criminais da história da cidade”.
O portal argentino Clarín, que mantém cobertura em tempo real dos eventos, classificou a ação como “massacre” e relatou que moradores localizaram dezenas de corpos em áreas de mata e praças das comunidades afetadas, muitos ainda sem identificação.
A ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich, anunciou que as fronteiras do país foram colocadas em “alerta máximo” para monitorar possíveis deslocamentos de criminosos. “Vamos observar com atenção todos os brasileiros que cruzem a fronteira, sem confundir turistas com membros do Comando Vermelho”, declarou ao Clarín.
O jornal espanhol El País destacou que a operação “se tornou a mais sangrenta da história do Brasil”, citando relatos de moradores que encontraram aproximadamente 60 corpos adicionais em áreas florestais próximas, não contabilizados no balanço oficial inicial.
A agência russa TASS informou que “as vítimas incluíam não apenas membros de grupos criminosos e policiais mortos em serviço, mas também civis”, enquanto o francês Le Monde mencionou que a ONU se disse “horrorizada” com a situação e solicitou apuração imediata sobre as circunstâncias das mortes.
O colombiano El Tiempo observou que operações policiais “se tornaram rotina nas favelas cariocas, onde agentes e traficantes se enfrentam e a população fica presa no fogo cruzado”.
Contexto da operação
- A ação nos complexos do Alemão e da Penha mobilizou aproximadamente 2.500 policiais civis e militares;
- segundo a Secretaria de Polícia Civil, entre os 119 mortos estão 115 classificados como “narcoterroristas” e quatro policiais;
- foram registradas 113 prisões e apreendidos mais de 100 fuzis;
- durante a madrugada, moradores levaram 72 corpos para a Praça São Lucas, na Penha, para reconhecimento;
- o governador Cláudio Castro (PL) classificou a operação como “um sucesso” e negou a existência de vítimas civis;
- o governo federal manifestou “profunda preocupação” e solicitou esclarecimentos sobre o caso.













