O corpo do piloto australiano Timothy James Clark, de 46 anos, morto em um acidente aéreo em Coruripe, no Litoral Sul de Alagoas, em 14 de setembro, foi liberado para ser encaminhado à Austrália. A decisão ocorreu na tarde do último sábado (25) e foi divulgada nesta terça-feira (28) pela Polícia Científica.
A identidade de Clark foi confirmada na sexta-feira (24) por meio de análise de material genético, em processo que envolveu a Polícia Federal, representantes do governo australiano e familiares. Após a conclusão dos trâmites legais, a família autorizou um representante no Brasil a realizar o traslado. Ainda não há confirmação se o corpo já chegou à Austrália.
Clark não sobreviveu à queda do avião que transportava quase 200 kg de cocaína. Além de envolvimento com o tráfico, ele era diretor e secretário de empresas de investimento na Austrália e na África nas últimas décadas.
Segundo o jornal australiano The Age, esta não foi a primeira missão de Clark na América do Sul. Fontes policiais da África do Sul estimam que ele tenha feito até 30 viagens transatlânticas, com ganhos superiores a US$ 22 milhões (quase R$ 120 milhões). As investigações indicam que ele teve ligação com três pessoas do cartel internacional de drogas Kinahan, um dos grupos mais poderosos da Irlanda, com atuação também na Inglaterra, Espanha e Emirados Árabes Unidos.
Clark era sócio do empresário alemão Oliver Andreas Herrmann, acusado de tráfico pela Polícia Federal australiana. Em buscas a quartos de hotel, foram encontrados 200 kg de cocaína embalados em blocos de 1 kg, além de óculos de visão noturna, equipamentos de aviação e uma carteira de criptomoedas.
Outros elementos confirmam a proximidade entre os dois: “laços financeiros estreitos” de Herrmann com Christy Kinahan; perfil do empresário no Facebook mostrando amizade com Clark; e uma foto de 2018, publicada por Clark, em que os dois aparecem jantando em Harare, capital do Zimbábue.
O piloto mantinha perfis ativos na internet, inclusive no Google Maps e Tripadvisor, onde usava o pseudônimo “John Smith” e registrou avaliações e fotos. Ele também seguia Adam Wood, associado de Kinahan na África, sendo um dos oito seguidores do empresário na rede social X (antigo Twitter).
O acidente ocorreu por volta das 13h30 de 14 de setembro, quando o avião caiu em área de vegetação em Coruripe. Além da droga, foram encontrados alimentos importados e equipamentos improvisados para reabastecimento, indicando que a aeronave estava preparada para voos longos sem escalas.
Clark também era conhecido no meio financeiro australiano, atuando como diretor e secretário de diversas empresas, incluindo Stock Assist Group Pty Ltd e Bluenergy Asia Pty Ltd.













