O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou nesta sexta-feira (19/9) que não irá a Nova York para a Assembleia Geral da ONU, marcada para a próxima semana. Em entrevista coletiva, ele destacou que prefere acompanhar a votação no Congresso do projeto que pode ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil.
O evento ocorreria em meio a um conflito diplomático entre Brasil e Estados Unidos, após o presidente americano, Donald Trump, impor taxas de 50% sobre produtos brasileiros, como retaliação a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre suposta tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Haddad conseguiu recentemente a renovação do visto, que o permite entrar nos EUA, diferentemente do ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), que teve o visto suspenso e desistiu de acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Cobrança ao Congresso
Durante a coletiva, Haddad cobrou que os parlamentares deem uma resposta à operação Cadeia de Carbono, deflagrada pela Receita Federal para combater fraudes fiscais no setor de combustíveis, considerado por ele como um dos principais meios de suporte ao crime organizado.
“O Senado, após a operação Carbono Oculto em 28 de agosto, aprovou um relatório da Receita Federal, de autoria do senador Efraim, sem votos contrários. Agora, a Câmara pode dar uma resposta a essa nova operação”, afirmou Haddad, em São Paulo.
Operação Cadeia de Carbono
Segundo a Receita Federal, a operação teve como objetivo desarticular organizações criminosas especializadas em fraudes fiscais, com diligências em cinco estados: Alagoas, Paraíba, Amapá, Rio de Janeiro e São Paulo. Foram alvos 11 mandados de busca e apreensão, e Haddad estimou que as mercadorias apreendidas podem chegar a R$ 240 milhões.
“Como é uma prática rotineira desse esquema, estamos falando de bilhões de reais se considerarmos o tempo em que ele vem driblando os mecanismos”, afirmou o ministro.
Haddad explicou que o esquema envolve abertura contínua de CNPJs que não recolhem tributos, criando uma rede nacional que sustenta a lavagem de dinheiro e o crime organizado.
O ministro também anunciou que a Receita Federal vai alterar uma norma para disciplinar o desembaraço antecipado, mecanismo que fazia parte do esquema fiscal alvo da operação desta sexta-feira.