Em sua primeira audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado desde que foi aprovado para comandar o Banco Central no período de 2025 a 2028, Gabriel Galípolo defendeu nesta terça-feira (22) a necessidade de reformas contínuas para garantir a normalização da política monetária brasileira. Apesar de destacar o “crescimento excepcional” da economia do país, o presidente do BC alertou para os riscos inflacionários, influenciados principalmente pelo cenário internacional.
Segundo Galípolo, a dinâmica dos preços segue fortemente impactada por fatores externos, o que exige uma atuação firme da autarquia. “Estamos todos no Banco Central bastante incomodados por estarmos fora da meta. Porém, estamos falando de um patamar de inflação muito inferior ao que estávamos discutindo antes, e mais próximo com as economias avançadas e emergentes”, disse.
Pressão internacional e efeitos internos
O presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL), também chamou atenção para as incertezas do mercado global, especialmente quanto à trajetória das commodities, o que contribui para a pressão inflacionária no Brasil. “A supersafra vai ajudar, mas os preços dos alimentos não devem regredir com velocidade. Vamos bem com crescimento do PIB, aumento da renda média das famílias e baixa taxa de desemprego. No entanto, paira o fantasma inflacionário”, afirmou.
Já o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) fez uma comparação entre o Brasil e o Vietnã, destacando que o país asiático cresceu mais e registrou inflação mais baixa em 2024. Galípolo reconheceu os desafios, mas destacou que o Brasil conta com uma economia mais diversificada, o que oferece proteção adicional em momentos de instabilidade global.
Impactos climáticos e pleno emprego
Outro ponto abordado na audiência foi o impacto das mudanças climáticas, especialmente após as perdas significativas no Rio Grande do Sul com secas e enchentes. O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) cobrou políticas específicas para os produtores rurais do estado. Em resposta, Galípolo reconheceu os desafios e alertou que os impactos climáticos impõem custos mais altos aos países de baixa renda, o que precisa ser monitorado de perto com a atualização de políticas públicas.
Respondendo ao senador Plínio Valério (PSDB-AM), o presidente do BC afirmou que o Brasil se aproxima do pleno emprego, com o menor nível de desemprego da série histórica, e que houve aumento da renda média da população.
Transparência e diálogo
A audiência pública com o presidente do Banco Central é parte do compromisso institucional da autoridade monetária com a transparência e a prestação de contas ao Legislativo. Além de apresentar um panorama econômico, Galípolo discutiu estratégias e desafios da política monetária, incluindo o atual patamar da taxa básica de juros, que segundo ele está sendo reavaliado com base nos resultados econômicos positivos.