Mesmo após liberar R$ 1,15 bilhão em emendas parlamentares entre segunda (24) e quarta-feira (26), o governo do presidente Lula enfrentou uma significativa derrota no Congresso Nacional. Deputados e senadores aprovaram a suspensão do decreto presidencial que aumentava a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ignorando os acenos do Planalto.
A movimentação financeira foi registrada no sistema orçamentário federal, com um salto expressivo no volume de recursos empenhados, ou seja, comprometidos para pagamento, em emendas. Até o dia 23 de junho, o governo havia liberado apenas R$ 776 milhões em emendas, patamar considerado baixo por parlamentares diante do total previsto no orçamento. Com os novos empenhos, o total liberado em 2024 subiu para R$ 1,9 bilhão.
Apesar do esforço do governo em melhorar o fluxo de liberação de verbas, a Câmara dos Deputados aprovou, por ampla maioria (383 votos a favor e 98 contra), o projeto de decreto legislativo que anula o aumento do IOF. No Senado, a aprovação foi simbólica, sem registro nominal de votos.
A derrota ocorre em um contexto de tensão crescente entre o Legislativo e o Executivo. Parlamentares demonstraram insatisfação com o que consideraram uma tentativa do governo de transferir ao Congresso o desgaste político relacionado à alta nas tarifas de energia elétrica. O impasse se acirrou com a tramitação de um projeto que pode ampliar os custos na conta de luz dos consumidores, aumentando a pressão sobre os deputados.
A votação do decreto que barra o aumento do IOF não estava inicialmente prevista, já que a semana seria de esvaziamento no Congresso devido às celebrações juninas. No entanto, diante da insatisfação dos parlamentares, a matéria foi colocada em pauta na noite de terça-feira (25) e aprovada no dia seguinte.