
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta terça-feira (6) que o governo continuará dialogando com o PDT, mesmo após o partido anunciar oficialmente seu afastamento da base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Câmara dos Deputados. A decisão da sigla ocorre quatro dias após a demissão do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, em meio ao escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
“Respeitamos o posicionamento da bancada, e seguimos dialogando com o PDT, contando com o apoio do partido nas matérias de interesse do país”, declarou Gleisi, por meio da assessoria, ao portal Metrópoles, que revelou o esquema de corrupção no INSS.
A saída do PDT da base governista foi confirmada por unanimidade em reunião da bancada. Nos bastidores, parlamentares da legenda afirmam que a nomeação do novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz, ex-secretário-executivo da pasta, não foi discutida com o grupo e contribuiu para o rompimento. Embora Queiroz tenha presidido a bancada pedetista na Câmara, ele não conseguiu manter o apoio da antiga base parlamentar.
Crise e desgaste político
A permanência do PDT no governo já estava fragilizada desde antes da operação da Polícia Federal que desvendou o esquema bilionário de fraudes no INSS. Segundo fontes próximas ao partido, a bancada já expressava insatisfação com a falta de representatividade na Esplanada, apesar de ser considerada uma das mais fiéis ao governo. Os deputados vinham cobrando um segundo espaço com “capilaridade”, ou seja, com potencial de gerar capital político e votos para as eleições de 2026.
A crise se agravou com a saída de Lupi. Embora o governo tenha optado por manter o comando da Previdência com o PDT, como forma de tentar conter o desgaste, a decisão não foi suficiente para evitar o rompimento formal da aliança.
Relação com o Congresso
O rompimento do PDT, que conta com 17 deputados federais, representa mais um desafio para o Palácio do Planalto em um cenário de relações cada vez mais delicadas com o Congresso Nacional. O governo Lula tem enfrentado dificuldades para formar uma base sólida e aprovar pautas prioritárias em meio a disputas por espaço e influência entre partidos do centrão e siglas de centro-esquerda.
Apesar do afastamento, o Planalto aposta em manter canais abertos com os pedetistas para garantir apoio pontual em votações estratégicas. Gleisi Hoffmann, articuladora política do governo, reforçou essa disposição ao destacar o respeito institucional e o compromisso com o diálogo.