A ida do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos não foi apenas uma viagem a passeio. Segundo ele próprio, a mudança teve como motivação o medo de enfrentar uma humilhação pública e, principalmente, o receio de um “bote” da Procuradoria Geral da República (PGR), que esperava seu retorno ao Brasil para agir.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Eduardo desmentiu quem diz que ele não estaria em situação de exílio, já que não havia investigação formal contra ele quando saiu do país. “A PGR não se manifestou porque estava esperando eu voltar para o Brasil para dar o bote, para me humilhar e tirar qualquer possibilidade que eu pudesse de fazer o meu trabalho lícito internacional, como o próprio PGR depois falou”, afirmou.
Essa disputa tem um pano de fundo complexo, que envolve o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e suas ordens judiciais polêmicas. Parlamentares americanos têm acusado Moraes de censura, já que suas decisões impactam empresas e cidadãos nos EUA. O ponto alto da controvérsia foi a suspensão da rede social X no Brasil em 2024, o que gerou uma ação judicial da plataforma Rumble, com apoio de uma empresa ligada a Donald Trump.
Recentemente, o senador Marco Rubio indicou que Moraes pode ser alvo de sanções com base na Lei Global Magnitsky, e os EUA anunciaram medidas para restringir vistos, complicando ainda mais o cenário.
Desde o fim de fevereiro, Eduardo está nos Estados Unidos, inicialmente para uma viagem de férias, mas logo o PT entrou no STF pedindo que seu passaporte fosse confiscado. O argumento? Ele estaria cometendo crime contra a soberania nacional por criticar o Judiciário brasileiro no exterior.
Em março, Eduardo anunciou que se licenciaria da Câmara sem remuneração para se dedicar a denunciar violações de direitos humanos fora do país. Ele também enfrenta a ameaça de um inquérito aberto para investigar supostos crimes graves, como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito — uma investigação instaurada após pedido do PT e avaliada pela PGR.
Para o deputado, tudo isso faz parte de uma perseguição política que o levou a buscar refúgio nos EUA, onde acredita ter mais liberdade para atuar.