Enquanto muitos profissionais ao redor do mundo enfrentam dificuldades para retomar a rotina após o recesso de fim de ano, a Finlândia pode estar prestes a promover uma mudança significativa no modelo de trabalho. A primeira-ministra país, Sanna Marin, defende a adoção de uma carga horária mais enxuta: quatro dias por semana, com seis horas diárias de expediente.
A proposta, que totaliza 24 horas de trabalho por semana, representa uma mudança substancial em comparação ao padrão de 40 horas semanais adotado em países como o Brasil e diversas outras nações. Embora ainda não tenha apresentado detalhes formais sobre o plano, Marin afirma que a iniciativa representa um possível avanço na forma como o trabalho é percebido pela sociedade finlandesa.
“É fundamental que as pessoas tenham mais tempo para conviver com a família, se dedicar a atividades pessoais e aproveitar outros aspectos da vida”, afirmou a líder em entrevista. “Essa pode ser uma etapa importante na transformação da nossa cultura de trabalho.”
Desde que assumiu o cargo de primeira-ministra, em dezembro de 2019, Sanna Marin tem priorizado pautas ligadas ao mundo do trabalho. Aos 34 anos, ela se tornou a mais jovem a ocupar o cargo no cenário global à época. Ela também lidera uma coalizão formada por cinco partidos, compostos em sua maioria por mulheres com orientação de centro-esquerda, e preside o Partido Social Democrata da Finlândia.
O país já possui um histórico de políticas laborais flexíveis. Em 1996, uma legislação permitiu que funcionários ajustassem seus horários de entrada em até três horas, para mais ou para menos, conforme sua conveniência. Essa medida foi considerada um marco na legislação trabalhista finlandesa.
Modelos semelhantes em outros países
A proposta não é isolada no cenário europeu. Na Suécia, a cidade de Gotemburgo iniciou, em 2015, testes com jornadas de seis horas por dia. Os resultados apontaram aumento expressivo no bem-estar da população poucas semanas após a implementação. No entanto, os custos adicionais para o setor público levantaram preocupações quanto à viabilidade financeira do modelo.
Na França, medidas semelhantes também foram adotadas. O país reduziu oficialmente sua jornada semanal para 35 horas, quatro a menos que o regime anterior, como parte de uma estratégia para reequilibrar o tempo dedicado ao trabalho e à vida pessoal.
O debate sobre a redução da carga horária também mobiliza o setor privado. Um dos exemplos mais citados é o da Microsoft no Japão. Em novembro de 2019, a empresa divulgou que, após implementar uma semana de trabalho com quatro dias, observou um crescimento de 40% na produtividade dos funcionários.