Os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux protagonizaram uma discussão durante intervalo de sessão plenária no Supremo Tribunal Federal, em conflito relacionado à suspensão do julgamento de recurso do senador Sergio Moro.
O decano da Corte questionou de forma irônica a decisão de Fux de interromper a análise do processo em que Moro busca reverter a condição de réu por calúnia contra Gilmar Mendes. O julgamento, que ocorria no plenário virtual da Primeira Turma, registrava quatro votos pela manutenção da denúncia contra o parlamentar e ficará suspenso por até três meses.
Conforme informações publicadas pela Folha de S.Paulo e confirmadas pela CNN, Gilmar Mendes teria sugerido que o colega “fizesse terapia para se livrar da Lava Jato”. Os dois magistrados mantêm históricas divergências sobre a operação, com Gilmar como principal crítico e Fux sendo considerado pela força-tarefa de Curitiba como seu maior defensor na Corte.
Em resposta, Fux argumentou que solicitou vista para analisar o caso com mais profundidade e manifestou desconforto com as críticas públicas feitas pelo colega. Gilmar Mendes reconheceu as declarações, justificando que as faz abertamente por considerar Fux “uma figura lamentável”.
O embate incluiu referências ao voto de Fux no processo que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro, qualificado por Gilmar como “um voto de 12 horas que não fazia o menor sentido”. Fux, que votou pela absolvição de Bolsonaro e condenação do tenente-coronel Mauro Cid, defendeu sua posição perante o colega.
A discussão ocorre em meio a tensões históricas entre os ministros sobre diferentes entendimentos jurídicos e casos emblemáticos julgados pela Corte.