O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (22) que países ricos usam o combate ao desmatamento e ao crime organizado como “justificativa para medidas protecionistas” e “pretexto para violar a soberania” de nações em desenvolvimento. A declaração foi feita em um encontro da Cúpula dos Países Amazônicos com a sociedade civil, em Bogotá, na Colômbia.
Segundo Lula, as nações que mais poluíram o planeta agora tentam impor “modelos que não nos servem” e usam a questão ambiental como escudo para o protecionismo.
A fala do presidente ocorre após o envio de navios de guerra americanos para águas próximas à Venezuela, sob o argumento de combate ao narcotráfico. O Brasil considera que a missão de enfrentar o crime em seus territórios é dos próprios países amazônicos, e a ação americana gerou críticas na região por ser vista como uma possível violação de soberania.
Sem citar Trump nominalmente no discurso, Lula criticou a forma como o presidente americano toma decisões de forma unilateral, sem considerar organizações como a ONU e a OMC. “Você não pode fazer o que o presidente americano está fazendo: tomando decisões sozinho”, disse. Ele ainda ressaltou a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, uma decisão revertida na atual gestão.
Lula confirmou que enviou uma carta a Trump convidando-o para a COP30, em Belém (PA), e que fará o mesmo com outros chefes de Estado.
O Brasil e a COP30
O presidente defendeu a escolha de Belém para sediar a COP30, apesar das críticas sobre os altos custos de hospedagem. Ele explicou que a intenção é mostrar a realidade da Amazônia para os participantes e não fazer do evento “um desfile de discurso”.
Lula também anunciou o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) na COP30. O fundo tem como objetivo captar recursos de países e empresas para financiar ações de conservação em nações em desenvolvimento. Ele aproveitou para cobrar o cumprimento de doações prometidas por países ricos para a preservação ambiental.