Entra governo, sai governo e o Hospital Geral do Estado, em Maceió, tem sido um “calo”. Para os secretários de saúde e também para governadores.
Os corredores ocupados por pacientes acamados, a superlotação e falhas no atendimento rendem reportagens recorrentes em todos os veículos, críticas e mais críticas.
A solução não é simples. O HGE é um hospital de Urgência e Emergência, que atende cerca de 600 pacientes por dia. Metade chega “em pé”. Traduzindo: 50% dos atendimentos poderia ser realizado em outros hospitais e nas UPAs.
A frase que ilustra o título, não ouvi de nenhum crítico do governo. Saiu da boca do secretário de Saúde do Estado, Alexandre Ayres. Com a pandemia perdendo força, ele confidenciou que passou o último final de semana com o HGE na “cabeça”, depois de ver uma reportagem na TV Gazeta.
“Tomei isso com um desafio pessoal. Comecei a segunda-feira no HGE e montamos um planejamento. Faremos reuniões semanais e espero resolver o problema da superlotação até o próximo ano”, aponta.
Ayres avalia que o primeiro passo no reordenamento do HGE será a transição do Hospital Metropolitano de Maceió, que deixará de ser exclusivo de Covid-19 e passará a fazer atendimento geral, além de especialidades, a exemplo de ortopedia, vascular e cardiologia – o que deve acontecer a partir de meados outubro.
“Só o Metropolitano não vai resolver. Para reorganizar o HGE teremos que transformá-lo num hospital só de emergência, transferindo o atendimento de urgência para as UPAs e o clínico para a rede de atenção básica”, pondera.
Para isso, aponta Ayres, será preciso utilizar as 4 UPAs já existentes na Capital e concluir a construção de mais três UPAs em Maceió, o que deve ocorrer ainda no primeiro semestre de 2021.
“Já conversei com toda a equipe do HGE, devemos fazer serviços de melhoria e construir mais 20 UTIs. Vamos reorganizar o hospital e paulatinamente transferir o atendimento clínico para outras unidades, deixando atendimento só para emergência. Com isso, vamos tirar as macas dos corretores e priorizar as outras áreas onde o hospital, em que pese as dificuldades, já funciona bem”, explica Ayres.
É fato que o governo tem construído novos hospitais. Sim. É claro que adianta ter novas unidades de saúde, especialmente para mais de 80% dos alagoanos que não tem plano de saúde.
A questão é “retórica”. Simbólica mesmo. Como pode construir novos hospitais, enquanto unidades que já estão funcionando enfrentam dificuldades. Muitas pessoas acreditam que melhor seria primeiro arrumar a casa e depois partir para a ampliação.
Transformo a declaração em pergunta: adianta construir novos hospitais e o HGE continuar vivendo dias de caos?
Ayres, ao que parece pretende fazer as duas coisas ao mesmo.
Agora é esperar para conferir se vai cumprir “a missão”.
Fonte – Blog do Edivaldo Júnior