Parlamentar condena escalada contra agentes que reivindicam salários e acusa secretário de Segurança de “valente contra quem protesta, covarde contra o crime”
A presença de tropas do Bope e de outros batalhões da Polícia Militar durante o protesto pacífico de policiais civis em Alagoas foi o estopim. Para o Deputado Federal Delegado Fabio Costa, a ordem para mobilizar o aparato de choque contra servidores que apenas cobravam correção salarial expôs mais do que um excesso de força: revelou, segundo ele, uma gestão movida à intimidação.
“É mais um absurdo. Uma covardia. O secretário Flávio Saraiva fracassou no combate ao crime, mas é valente para ameaçar policial civil que só está lutando por um salário justo e digno”, afirmou o deputado. “E o governador Paulo Dantas se esconde atrás disso. A covardia é de ambos.”
Os agentes civis reivindicam a equiparação entre a carga horária cumprida e a que é remunerada. Trabalham 40 horas semanais, mas recebem por 30. A manifestação foi pacífica, sem tumulto ou bloqueios, mas a reação do Estado foi militar. Viaturas, escudos, armas — tudo diante de homens e mulheres acostumados a lidar com a criminalidade em plantões sobrecarregados.
Fabio Costa, que conhece de perto os bastidores da segurança pública, cobrou coerência do governo. E foi além. Disse que, para pagar o que é devido aos policiais civis, bastaria suspender os contratos milionários com empresas ligadas à família de Nubia, esposa de Nem Catenga, um homem apontado pelas autoridades como chefe da facção criminosa Comando Vermelho, em Alagoas.
“O dinheiro está lá. Não falta recurso, falta vontade. O governador pode resolver isso hoje. Basta cortar esses contratos e priorizar quem está de verdade na linha de frente”, disse o deputado.
A crítica mais incisiva, porém, ficou reservada ao titular da Segurança. “É alguém que prefere se manter sentado na cadeira e só se levanta para atacar os policiais civis. É incapaz de agir contra quem de fato ameaça a sociedade, mas rápido para punir quem protesta”, afirmou Costa. Para ele, não se trata apenas de política: “É uma questão de honra com quem arrisca a vida para proteger os outros”, destacou.