As investigações da CPMI do INSS avançam a cada sessão e revelam, através de provas e depoimentos, a estrutura de um dos maiores esquemas criminosos já montados dentro da Previdência Social. E, nesta segunda-feira (20), apesar do silêncio de Felipe Macedo Gomes, ex-presidente da Amar Brasil, o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, apontou detalhes da estrutura criminosa envolvendo o Clube de Benefícios no golpe contra aposentados e pensionistas.
A sessão, que durou mais de 12 horas e seguiu pela madrugada, trouxe novos elementos que fizeram o relator da Comissão anunciar que irá solicitar a prisão preventiva de Felipe Macedo Gomes e dos seus sócios Américo Monte Júnior, Anderson Cordeiro e Igor Delecrode. Os quatro foram alvos da Polícia Federal, acusados de fraudes no INSS, por comandar empresas ligadas às entidades Amar Brasil Clube de Benefícios (Amar Brasil), que teve o Acordo de Cooperação Técnica (ACTs) celebrado com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em março de 2022, com publicação em agosto de 2022; Master Prev, que teve seu ACTs celebrado em agosto de 2023, com publicação em novembro de 2023; a Associação Nacional de Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (ANDAPP), que teve, em fevereiro de 2024, seu ACTs celebrado e publicação em março de 2024; e a Associação de Amparo Social ao Aposentado e Pensionista (ASAAP), que teve o acordo em julho de 2023, com publicação em março de 2024.
Segundo Alfredo Gaspar, o grupo atuava de forma coordenada e se revezava no comando de quatro associações usadas para desviar recursos públicos. “O que une esses quatro? É que aquele cidadão sentado ali, chamado Felipe Macedo Gomes, tinha procuração para comandar as quatro associações. Ao lado dele havia Américo Monte Junior e Anderson de Vasconcelos. E quem deu a solução tecnológica para essa fraude? Esse rapaz chamado Igor Delecrode”, apontou o relator durante a sessão.
Através de organogramas com vínculos e dados, o relator detalhou os números que revelam a dimensão do golpe, com as associações movimentando centenas de milhões de reais em poucos trimestres, alcançando um montante impressionante até a deflagração da Operação Sem Desconto. Somente Felipe Macedo Gomes, apontado como chefe do grupo, controlava quatro entidades que arrecadaram mais de R$ 700 milhões, valor que a CPMI agora busca rastrear integralmente.
“Essas pessoas assinam contratos milionários com familiares de autoridades do INSS e ainda inserem cláusulas anticorrupção, como se isso fosse suficiente para mascarar a imoralidade do que estão fazendo. É um tapa na cara de quem trabalha e confia nas instituições”, afirmou o deputado. “O que vimos aqui hoje foi a demonstração de que, para alguns, meter a mão no dinheiro do povo vale a pena, porque a justiça ainda não chega para todos. Mas, nesta CPMI, o cerco está se fechando”, concluiu.
O relator lembrou ainda do luxo ostentado com o dinheiro roubado, através da compra de carros de alto padrão, entre eles uma Ferrari e quatro Porsches, já apreendidos pela Polícia Federal. “Essa Ferrari agora, por enquanto, não está podendo ser usada, e os Porsches também estão recolhidos. Mas sabe de quem é isso aqui? Isso aqui é dos aposentados e pensionistas, que não sabem que são donos desse patrimônio”, completou Alfredo Gaspar.
O pedido de prisão preventiva dos quatro investigados será apresentado na próxima sessão da CPMI do INSS, que também analisará os vínculos de outras pessoas e empresas conectadas à rede de corrupção desvendada pela Comissão.