O que você faria para proteger quem mais ama? Até onde estaria disposta a ir? Essas perguntas, profundas e universais, guiam a narrativa da série Contos Perdidos de Alagoas, que está em fase de gravação em Arapiraca, cidade que se transforma em personagem viva da trama.
A produção mergulha no suspense psicológico para explorar algo que atravessa o tempo e a humanidade: o confronto entre o bem e o mal. Mas, como pontua o diretor e roteirista Vitor Sousa, esse embate não se limita às grandes batalhas épicas ou a forças externas:
“A luta entre o bem e o mal é uma velha conhecida das histórias e narrativas ao longo dos tempos. Mas o que é mais pertinente perceber é que esse embate se dá, também, dentro de nós.”
Essa é a espinha dorsal da primeira temporada da série, que alterna entre duas Arapiracas — a da década de 1970 e a atual, já centenária. A cidade é mais que cenário; é memória, simbologia e identidade. Locais históricos, como a igrejinha da Praça dos Curis, ganham destaque e se tornam elementos dramáticos fundamentais da narrativa, conectando passado e presente.
“A gente quer provocar um sentimento de pertencimento. A pessoa vai assistir e reconhecer não só a paisagem, mas também a força do povo daqui. Queremos que ela diga: ‘Ei, foi gravado na minha cidade!’”, afirma Vitor.
Fé, milagres e sombras do passado
Na trama, o jornalista Samuel (vivido por Henrique Ávlis) volta à sua terra natal em busca de respostas que envolvem o passado de sua família. Ao investigar, descobre a história de Maria (Ana Beatriz), uma menina que, nos anos 1970, teria curado dezenas de pessoas com dons considerados milagrosos.
Ao redor dela orbitam personagens que guardam — e tentam proteger — essa fé coletiva: Dona Neuza (interpretada por Luciana Souza) e Padre Rodrigues (Alberto do Carmo). Mas nem todos desejam que essas memórias resistam ao tempo. Virgílio (Gabriel Faindé), figura enigmática, representa a força que tenta apagar o passado. A batalha pela memória, pela fé e pela sobrevivência começa.
Bastidores que movimentam cultura e economia
Mais de 200 pessoas, entre técnicos, atores e atrizes, estão envolvidas na realização da série. Profissionais de Alagoas, Bahia e Maceió trabalham juntos, movimentando o setor audiovisual e gerando renda na região. O projeto foi selecionado pelo edital “Casamento é Negócio?”, através da Lei Paulo Gustavo, e inclui como contrapartida uma série de oficinas formativas.
A preparação de elenco foi conduzida pela atriz baiana Luciana Souza — conhecida por sua atuação em Ó Pai, Ó e Bacurau. Além de atuar como Dona Neuza, ela também assumiu a missão de orientar o elenco local. “Aqui encontrei artistas com diferentes trajetórias. Vi sede de aprendizado, de protagonismo. Me senti na obrigação de voltar outras vezes”, compartilha Luciana, que promoveu oficinas lotadas no Planetário Digital com o apoio da Secretaria de Educação de Arapiraca.
Durante a preparação, realizada na Uneal, a equipe teve que lidar com o desafio de construir uma obra que se passa em duas temporalidades diferentes — um esforço intenso da Direção de Arte para garantir veracidade estética e simbólica à narrativa.
Formação, legado e pertencimento
O impacto da série vai além da tela. Por meio do programa “Formação Audiovisual em Séries”, mais de mil e quinhentos profissionais já foram formados pela metodologia da Cine Arts na Bahia — e agora esse saber chega a Alagoas. As oficinas gratuitas oferecidas em Arapiraca revelaram talentos e despertaram vocações antes invisíveis.
“Isso nos mostra o quanto a Cultura ainda precisa de reconhecimento e valorização. Iniciativas como essa são fundamentais. A cidade está viva, pulsante. E isso precisa ser celebrado e incentivado”, reforça Luciana Souza.
Uma história de fé — e de identidade
Contos Perdidos de Alagoas é uma produção da Brothers, com direção de Vitor Sousa, apoio institucional da Prefeitura de Arapiraca e da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal). Mais que uma série de suspense, é um convite à reflexão sobre as escolhas humanas, o peso da memória e a força da fé.
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